A Rede de lanchonetes Byron convocava migrantes ilegais, entre eles brasileiros, para treinamento e depois denunciava os trabalhadores ilegais para o Ministério do Interior. Foto: Free Images
O ministério do Interior britânico confirmou nesta quinta-feira que 35 pessoas desses países foram detidas em 4 de julho por violações das leis de imigração em operações realizadas "com base em informações de inteligência" em várias lanchonetes Byron.
- Quase 71.000 migrantes chegaram à Itália no primeiro semestre do ano
- Mais de 3.200 migrantes resgatados no mar Mediterrâneo na terça-feira
- Acampamento com mais de mil migrantes em Paris é evacuado
"É revoltante. Algumas pessoas trabalhavam aqui há quatro ou cinco anos e não puderam sequer se despedir", declarou um funcionário da empresa, que pediu anonimato.
De acordo com o jornal londrino de língua espanhola El Ibérico, que revelou o caso, as operações foram realizadas em quinze restaurantes da rede na capital britânica e já são "dezenas de pessoas deportadas, a maioria delas da América Latina".
Outro funcionário citado pelo site do jornal indica que "150 [funcionários] conseguiram escapar dos controles e atualmente estão escondidos".
Repercussão nas redes sociais
O assunto ganhou as redes sociais, com uma chamada no Twitter ao boicote de restaurantes Byron com a hastag #boycottbyron.
Vários grupos de apoio aos migrantes convocaram no Facebook um protesto na segunda-feira em frente à lanchonete Byron em Holborn, no centro de Londres.
O ministério do Interior explicou que a operação contou com "a plena cooperação do grupo", mas recusou-se a confirmar que tenha se tratado de uma armadilha.
A Byron também confirmou as operações, negando-se a responder às alegações de enganou seus funcionários. "Temos orgulho da diversidade de nossas equipes, formadas por pessoas de todas as origens", declarou o grupo, ressaltando que alguns funcionários tinham documentos de identidade falsos. "O que #Byronburgers fez me dá enjoos! Eu não acho que voltarei lá por um tempo", tuítou @EpiphannieA.
Outro internauta, @1markpullen, justificou a alegada colaboração com a polícia, alegando que "não é justo que existam pessoas que ignoram a lei e trabalham ilegalmente".
Uma testemunha citada pelo El Ibérico indicou que no dia da ação foi organizada uma greve em solidariedade com os que foram expulsos.
"Na noite de 4 de julho, eles foram deportados para seus países sem nada. Os chefes sabiam da situação dessas pessoas. Eles trabalham duro e não dizem nada. Se têm que trabalhar 60 horas por semana, trabalham e não dizem nada. Os responsáveis da empresa sabem disso e por isso contratam essas pessoas ", disse ele.