O EI realizou na segunda-feira uma série de ataques com carros-bomba e suicidas nas cidades litorâneas sírias de Tartus e Jable, cuja população é majoritariamente alauita, comunidade à qual pertence Assad. Foto: STRINGER / AFP
O cessar-fogo estabelecido em 27 de fevereiro por Estados Unidos e Rússia - aliados da oposição e do regime, respectivamente - foi violado em várias ocasiões, especialmente em Aleppo (norte) e Guta Oriental, a leste de Damasco, onde as forças armadas realizam uma ofensiva há dez dias.
Washington pediu para que Moscou pressionasse seu aliado a cessar seus bombardeios, a fim de dar uma chance às negociações de paz que buscam uma solução para um conflito que já deixou mais de 270.000 mortos em cinco anos.
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Daraya, que fica 10 km ao sudoeste de Damasco, é uma das cidades sob cerco. O regime tenta em vão recuperar seu controle desde o final de 2012 das mãos dos rebeldes. Estados Unidos e Rússia lideram o processo diplomático de Viena, do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GISS), que se reuniu na semana passada na capital austríaca sem alcançar qualquer progresso significativo.
A Rússia propôs aos Estados Unidos atacar conjuntamente os grupos jihadistas na Síria, uma iniciativa que Washington rejeitou. Os grupos jihadistas, como Estado Islâmico (EI) e o ramo síria da Al-Qaeda (Frente Al-Nosra), estão excluídos da trégua.
MAIS DE 150 MORTOS- O EI realizou na segunda-feira uma série de ataques com carros-bomba e suicidas nas cidades litorâneas sírias de Tartus e Jable, cuja população é majoritariamente alauita, comunidade à qual pertence Assad.
Esta série de ataques sem precedentes na região deixou pelo menos 154 mortos, segundo um novo balanço estabelecido nesta terça-feira pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Um número que pode aumentar dada a situação crítica de mais de 300 feridos, segundo Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH, que informou que as vítimas são na sua maioria civis.'
O EI reivindicou o ataque, dizendo ser uma resposta aos bombardeios do regime e de seu aliado russo na Síria e ameaçando uma retaliação ainda pior. O regime sírio, por sua vez, responsabilizou a Arábia Saudita, Turquia e Catar, seus adversários regionais desde o início da rebelião em 2011.
"Esses ataques terroristas representam uma perigosa escalada pelos regimes de ódio e extremismo de Riad, Ancara e Doha, com o objetivo (...) de frustrar (...) o acordo de cessar-fogo" na Síria, acusou o regime em cartas enviadas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Toda a comunidade internacional expressou indignação com os ataques. Os Estados Unidos condenaram "ataques horríveis" e Paris chamou de atos "odiosos". O EI enfrenta uma pressão crescente na Síria e no Iraque, onde perdeu terreno nos últimos meses.