Na sua vila ancestral no Líbano, Btaaboura, a ascensão de Michel Temer ao poder no Brasil é um motivo de orgulho e diversão, num país sem presidente e que vive um grande impasse político Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na sua vila ancestral no Líbano, Btaaboura, a ascensão de Michel Temer ao poder no Brasil é um motivo de orgulho e diversão, num país sem presidente e que vive um grande impasse político. Próximo da entrada da cidade de Btaaboura, no norte do Líbano, uma placa de rua tem o nome de Temer, ainda com o seu antigo posto de vice-presidente brasileiro.
Agora, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff na última quinta-feira, permanecendo fora do cargo por até 180 dias até o final do seu processo de impeachment, Btaaboura está se preparando para mudar a placa de rua.
“Ela (a placa de rua) será substituída na sexta-feira (13). Poderá ler-se ‘rua Presidente Michel Temer", disse o prefeito da cidade, Bassam Barbar. “Nós celebramos a sua promoção com todo o nosso coração e estamos muito orgulhosos dele”, disse à agência de notícias France Presse.
Num pequeno jardim, alguém hasteou uma bandeira do Líbano e outra do Brasil em honra do filho de imigrantes libaneses, que visitou Btaaboura duas vezes, em 1997 e em 2001. Na aldeia, a sua súbita promoção de vice-presidente para presidente interino do Brasil está ‘na boca’ de todos.
Através do Líbano, as pessoas fazem piadas, dizendo que um homem libanês lidera o Brasil, mas o Líbano está sem presidente há dois anos.
As profundas divisões políticas deixaram o Líbano sem presidente desde maio de 2014, quando o mandato de Michel Sleiman expirou. Os cristãos e os muçulmanos não chegam a um acordo sobre um candidato a presidente, sendo que o parlamento não conseguiu ainda quebrar esse impasse. "Eu espero que agora eles (os líderes políticos libaneses) tenham vergonha", disse Barbar.
A casa da família de Temer encontra-se no meio de uma grande plantação. O seu pai viveu ali, mas a casa está agora abandonada e em ruínas.O Líbano e o Brasil têm laços muito fortes. Os libaneses começaram a ir para o Brasil e outros países sul-americanos no século XIX, havendo uma nova grande imigração durante a guerra civil de 1979/1990. Muitos estão no Rio de Janeiro e em São Paulo.
De acordo com uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano, há entre seis a sete milhões de brasileiros de origem libanesa. Durante uma de suas duas viagens a Btaaboura, Temer insistiu em visitar as ruínas da casa da família, onde apenas algumas paredes de pedra ainda estão de pé.
"Ele ficou muito emocionado quando viu um retrato de seu pai na sala de estar", disse o primo do presidente interino, Nizar Temer, que conheceu o parente brasileiro numa dessas visitas.