Democracia

Eleições legislativas no Irã registram 60% de participação

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 27/02/2016 às 11:09
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Cerca de 60% dos eleitores votaram nas eleições legislativas realizadas na sexta-feira no Irã, cujos primeiros resultados oficiais não permitem por ora designar um vencedor.

Com 27 cadeiras, ou seja, menos de 10% do total, os conservadores e os  reformadores, os dois grandes adversários, obtiveram oito e quatro vagas, respectivamente.

Uma cadeira foi para um candidato apoiado tanto pelos conservadores como pelos reformadores e oito para independentes, segundo a agência Isna. 

Os seis restantes serão atribuídos no segundo turno da votação, cuja data ainda não foi fixada.

A votação é crucial para a manutenção da política de abertura do presidente moderado Hassan Rohani, que espera reforçar seu poder diante dos conservadores.

As seções de votação fecharam mais tarde do que o previsto, devido ao grande fluxo de eleitores. Há quatro anos, a taxa de participação foi de 64,2% em todo o país, e de 48%, na capital, Teerã.

Ao votar no Ministério do Interior, o presidente Hassan Rohani declarou que seu governo via nas eleições "uma imensa marca de confiança" e que o conjunto das instituições garantiria que fossem "legítimas e saudáveis".

Nas eleições, renovam-se os membros do Parlamento e da Assembleia de Especialistas, aqueles religiosos encarregados de nomear e substituir o guia supremo. Este último, Ali Khamenei, foi um dos primeiros a votar em uma mesquita situada no complexo onde vive em Teerã.

"Todos devem votar, todos aqueles que amam o Irã, a República Islâmica, a grandeza e a glória do Irã", declarou depois de votar.

"Temos inimigos", afirmou Khamenei sem citá-los, embora normalmente expresse seus receios em relação às potências ocidentais - especialmente os Estados Unidos -, acusadas por ele de realizar uma política de infiltração.

Estas eleições são as primeiras desde o histórico acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado em julho passado pelas grandes potências e por Teerã. O acerto deve permitir que o país abandone seu isolamento e reative uma economia debilitada por quase dez anos de sanções internacionais.

Algumas dessas sanções foram suspensas em meados de janeiro com a entrada em vigor do acordo nuclear. Eleito em 2013, Rohani acredita em que este avanço inverterá a tendência a favor de reformistas e moderados, principalmente no Parlamento.

Essa mudança e os investimentos estrangeiros decorrentes podem ajudá-lo a aplicar uma política de reformas econômicas e sociais antes do fim de seu primeiro mandato, em 2017.

QUASE 5 MIL CANDIDATOS - Após a retirada no último minuto de 1.400 candidatos, os iranianos escolheram entre 4.844 candidatos, incluindo quase 500 mulheres, para renovar os 290 membros do Parlamento. Um total de 159 candidatos - todos homens - concorrem aos 88 postos da Assembleia de Especialistas. O mandato neste órgão é de oito anos.

Nas últimas legislativas, em 2012, os reformistas boicotaram as eleições em protesto contra a reeleição do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad em 2009, que consideraram fraudulenta. Deixaram, assim, o caminho livre para os conservadores. A participação na época foi de 64,2%. Desta vez, os reformistas participam das eleições e, para aumentar suas chances, apresentam candidatos comuns com os moderados (alguns deles conservadores).

Os ex-presidentes Mohamad Khatami (reformista) e Akbar Hachemi Rafsandjani (moderado) pediram o voto maciço para os candidatos pró-Rohani para conter o extremismo. O Conselho dos Guardiões da Constituição, que supervisiona a votação e se encontra sob o controle dos conservadores, eliminou, por sua vez, os progressistas mais conhecidos.

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