Está previsto que estas negociações inter-sírias, conquistadas sob uma forte pressão internacional, durem seis meses e coloquem fim a uma guerra que deixou mais de 260.000 mortos e milhares de refugiados desde março de 2011. Foto: Deil Souleiman/AFP
Está previsto que estas negociações inter-sírias, conquistadas sob uma forte pressão internacional, durem seis meses e coloquem fim a uma guerra que deixou mais de 260.000 mortos e milhares de refugiados desde março de 2011.
- Coalizão anti-EI se reúne em Paris para intensificar a luta na Síria e Iraque
- Chefe local da Al-Qaeda é morto na Síria
- Organizações não governamentais e ONU pedem fim da guerra na Síria
No entanto, o diálogo começa em meio a uma grande confusão, com a ausência de grupos chave da oposição síria que exigem como condição para sua participação uma melhora da situação humanitária na Síria. Por sua vez, espera-se que a delegação do regime de Bashar al-Assad, dirigida pelo embaixador sírio na ONU, Bashar al-Jaafari, chegue à Suíça ainda nesta sexta-feira.
As negociações serão indiretas. As partes estarão em salas separadas e os emissários irão de uma a outra levando as propostas. As negociações começarão como o previsto, provavelmente pela tarde, reiterou nesta sexta-feira um porta-voz da ONU, mas acrescentou que não podia dizer "quando, onde e com quem".
VÁRIOS GRUPOS OPOSITORES- "Não entraremos na sala de negociações se não forem cumpridas nossas exigências humanitárias", havia advertido na quinta-feira Riad Hijab, coordenador do Alto Comitê de Negociações (ACN).
Está reunido desde terça-feira em Riad para decidir sobre sua participação nas negociações de Genebra. A oposição está disposta a viajar à Suíça se forem tomadas medidas para deter os bombardeios nas zonas onde vivem civis e para garantir o acesso às localidades cercadas.
Os Estados Unidos, que disseram que estas exigências são legítimas, pediram que a oposição participe dos diálogos em Genebra, "uma oportunidade histórica para propor medidas sérias para instaurar um cessar-fogo". O ACN, conhecido como o grupo de Riad, foi criado em dezembro para reunir os principais grupos rebeldes, tanto organizações armadas quanto os partidos políticos, ante a perspectiva destas negociações.
Conta com o apoio de Arábia Saudita, Catar e França, mas é impugnado pela Rússia, aliada do regime de Damasco, que denuncia a presença de terroristas em seu seio, principalmente o chefe negociador Mohamed Allouche, representante do grupo salafista Jaish al-Islam.
Além disso, outros opositores, que não contam com o apoio de Riad, mas que foram convidados a título pessoal pela ONU, já se encontram em Genebra e estão determinados a participar das negociações, ao mesmo nível que o grupo conhecido como de Riad, o que aumenta a confusão.
Entre eles figura Haytham Manna, co-presidente do Conselho Democrático Sírio (CDS), uma aliança de opositores curdos e árabes. No entanto, o PYD, o principal partido curdo, não foi convidado às negociações, para desgosto de Moscou.
O PYD SÍRIO - considerado pela Turquia um braço do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), o inimigo número um de Ancara - luta em terra contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), mas a oposição síria o acusa de complacência com o regime de Damasco.