Ritual da Quaresma

Papa Francisco permite participação de mulheres em cerimônia de lava pés

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 21/01/2016 às 23:48
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Pontífice rompe tradição secular ao incluir ‘todos os membros do povo de Deus’ em ritual / Foto: AFP

Pontífice rompe tradição secular ao incluir ‘todos os membros do povo de Deus’ em ritual Foto: AFP

O papa Francisco rompeu com a tradição secular que proibia a participação de mulheres no ritual de lava-pés durante a Quaresma nesta quinta-feira (21). A iniciativa do pontífice irritou conservadores, mas agradou ativistas dos direitos das mulheres. Em uma carta para o departamento do Vaticano que regula os ritos de adoração, Francisco disse que a cerimônia deve ser composta por "todos os membros do povo de Deus", incluindo mulheres.

O decreto do Vaticano estabelece que o ritual poderá ser realizado em “homens e mulheres, jovens e idosos, saudáveis e doentes, clérigos, consagrados e leigos”. Além disso, diz que padres devem instruir “fiéis e outras pessoas a participar consciente, ativa e frutiferamente” do ato — o que indica que a lavagem de pés poderia ter a participação de não-católicos.

Até agora, apenas homens ou meninos eram formalmente autorizados a participar da cerimônia, em que um sacerdote lava e beija os pés de 12 pessoas. A tradição relembra o episódio em que, segundo a fé católica, Jesus lavou os pés dos seus doze apóstolos.

Algumas paróquias da Igreja — que tem 1,2 bilhão de fiéis — já incluíam mulheres e meninas no ritual, que acontece a quatro dias da Páscoa. No entanto, a maioria dos países em desenvolvimento ainda segue as regras conservadoras da Santa Sé.

"Esta é uma grande notícia, um maravilhoso passo adiante", disse Erin Hanna, co-diretora da Conferência de Ordenação de Mulheres dos Estados Unidos, que promove o sacerdócio católico feminino. "Isto significa que a mudança é possível e as portas parecem estar se abrindo no Vaticano".

Desde sua eleição em 2013, o papa tem incluído mulheres ao presidir o ritual de lavagem de pés, como já fazia quando era arcebispo de Buenos Aires. O pontífice já lavou os pés de muçulmanos em prisões italianas, o que foi considerado uma ofensa entre os tradicionalistas da Igreja e uma surpresa para os fiéis.

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