Os somalis compram, pagam contas e até recebem salário pelo celular. Um dos países menos desenvolvidos do mundo vive os avanços da revolução tecnológica no setor financeiro.
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"Uso o serviço diariamente para comprar, pagar contas, transporte e outras coisas", admitiu Adnan Ali, morador de Mogadíscio. A movimentação financeira pelo celular funciona em dólares, o que não chega a ser uma novidade no país que utiliza há muito tempo a moeda americana.
Muitos recebem salários em dólares – o dinheiro é enviado pelo celular. A moeda somali é o xelim, que só tem notas de mil – o equivalente a apenas quatro centavos de dólar. Com o dinheiro sempre se desvalorizando, há poucas opções para a população a não ser procurar lastro na divisa americana.
"Nossa moeda tem sofrido muitas quedas. Há ainda a hiperinflação em xelim e não podemos economizar dinheiro. Somos forçados a usar outras moedas para todo o tipo de transações financeiras como o dólar americano ou o euro", lamentou Ahmed Mohamed Dahir, professor de economia.
Da adversidade sai a criatividade: a Zaad, uma plataforma de dinheiro por celular não para de crescer desde 2009. Ela foi inspirada no serviço queniano M-Pesa. Quem não usa o aplicativo, desenvolve sistemas próprios de pagamento eletrônico. "Introduzimos o serviço EVC Plus de recarga de saldo por celular. Os clientes querem usar o serviço como plataforma para transações. Isso já se tornou muito popular, mesmo que não envolva somente transferências monetárias”, afirmou Ali Fadha, companhia de telecomunicações HORMUUD.
As autoridades advertem que a dependência do dólar só impulsiona a inflação e a desvalorização do xelim. Depois de quase duas décadas de conflitos e 23 anos de governos fracassados, os somalis decidiram tomar as rédeas das suas vidas com o telefone celular nas mãos e longe dos bancos.
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