Merkel negou fechar as fronteiras Foto: Moritz Hager/WORLD ECONOMIC FORUM
A chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu nesta segunda-feira (14) ante o seu partido "reduzir de maneira perceptível" o fluxo de refugiados a nível europeu, apesar de negar o fechamento das fronteiras em nome de um "imperativo humanitário".
Apesar das turbulências nas últimas semanas e das críticas de membros da União Cristã-Democrata (CDU) sobre a política de acolhimento de refugiados, a líder conservadora foi ovacionada por longos minutos por seus partidários reunidos em Karlsruhe (sudoeste) para o congresso do partido.
Durante seu discurso quase inteiramente dedicado à crise migratória, Angela Merkel, que enfrenta a mais grave crise de seu governo, reconheceu que mesmo um "país forte como a Alemanha será ultrapassado no longo prazo pelo número tão elevado de refugiados".
O número de demandantes de asilo na Alemanha deve ultrapassar um milhão ainda este ano o que, apesar do estado saudável da economia, impõe desafios logísticos consideráveis.
E é por isto "que queremos e vamos reduzir o número de refugiados perceptivelmente", prometeu.
Ela repetiu mais uma vez seu mantra "nós vamos chegar lá", porque o "nosso país é forte" e que "é de nossa identidade alcançar grandes feitos".
Contudo, reiterou que a solução para crise reside em um acordo para uma "solidariedade europeia" e um reforço dos controles nas fronteiras externas da Europa, bem como um trabalho com a Turquia, rejeitando uma limitação às entradas na Alemanha, uma reivindicação de alguns dentro de seu próprio partido.
"Nossa tarefa é imensa", admitiu.
"Por vezes as negociações entre os 28 países da UE nos deixam loucos, mas isso nunca foi fácil na Europa", afirmou, num momento em que alguns países como a Hungria ergueram verdadeiras barricadas para impedir os migrantes de entrar em seus territórios.
A chanceler insistiu no "papel-chave" da Turquia nessa crise. Apesar das tensas relações com o presidente turco Erdogan, Berlim tentam uma aproximação com Ancara para tentar manter os cerca de 2 milhões de sírios refugiados na Turquia.
Merkel também ressaltou a importância de realocar os 160.000 refugiados na Grécia e na Itália, uma medida decidida entre os parceiros europeus e que até o momento não foi concretizada.
Proteger as fronteiras externas da UE também constitui uma medida essencial para Merkel. Uma cúpula a este respeito deve acontecer na quinta e sexta-feira em Bruxelas.
Mas está fora de questão fechar as fronteiras da Alemanha.
"Nós não vamos ter sucesso nos trancando. Em pleno século 21, trancar-nos não é a solução", disse a chanceler.
Falando de um desafio "histórico" para a União Europeia, a chanceler manifestou a certeza de que a Europa "vai superar este teste", apesar dos avanços lentos.
Ela também reiterou que o acolhimento de refugiados era para a Alemanha e a Europa uma obrigação, defendendo a sua decisão de abrir as portas aos refugiados.
"Isto foi nada menos do que um imperativo humanitário", ressaltou.
Os delegados da CDU têm de adotar nesta segunda-feira um texto sobre a sua estratégia para lidar com o fluxo migratório que resume a posição da chanceler, apesar dos numerosos apelos dos democratas-cristãos para endurecer a sua política.
A Alemanha havia registrado até o final de novembro quase um milhão de migrantes, um número simbólico que deve ser ultrapassado antes do final do ano.