Terrorismo

O que sabemos da megaoperação no subúrbio de Paris

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 18/11/2015 às 17:43
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Principal alvo era o suposto mentor dos ataques em Paris, o jihadista belga Abdelhamid Abaaoud / Foto: AFP

Principal alvo era o suposto mentor dos ataques em Paris, o jihadista belga Abdelhamid Abaaoud Foto: AFP

A capital francesa amanheceu nesta quarta-feira assustada com as notícias de uma megaoperação em Saint-Denis, no subúrbio da cidade. A ação terminou com dois mortos e sete pessoas presas suspeitas de envolvimento nos atentados de sexta-feira (13). Entenda melhor o que aconteceu:

ALVO ERA MENTOR - O procurador François Moulins afirmou que o principal alvo da operação era o suposto mentor dos ataques em Paris, o jihadista belga Abdelhamid Abaaoud. Os policiais receberam informações da Inteligência francesa de que ele estaria em Paris, diferente da teoria sustentada antes de que ele estava na Síria, de onde teria planejado o massacre. As autoridades não confirmaram se ele foi preso ou morto na operação.

DOIS TERRORISTAS MORTOS - Por volta das 4h30m locais (1h30m no horário de Brasília), os moradores de Saint-Denis começaram a escutar barulhos de disparos e de explosões. Uma delas foi de uma mulher-bomba que se explodiu depois que os policiais entraram em um apartamento supostamente usado por terroristas. Segundo a emissora de TV francesa BFM, ela era parente de Abaaoud.

Um segundo jihadista morreu depois, atingido por uma granada. Cinco policiais ficaram feridos na ação, e um cachorro que fazia parte das forças especiais morreu durante a ação. O animal, um pastor belga, tinha 7 anos e se chamava Diesel.

SETE PRESOS - Entre os detidos, três homens estavam dentro do apartamento que era foco da operação. Duas outras pessoas foram encontradas “escondidas nos escombros” e levadas sob custódia. Além deles, o responsável por alugar a residência foi preso, junto com uma amiga que o acompanhava. Antes de ser preso, o locatário afirmou que um amigo pediu que ele abrigasse dois conhecidos por alguns dias.

"Eu fiz um favor. Não sabia que eles eram terroristas", disse o homem, que foi detido com uma amiga que estava com ele.

No entanto, o “Le Figaro” relatou que ele já foi condenado pela morte do melhor amigo em 2006.

SUBÚRBIO EM GUERRA - O apartamento que estava no centro das operações fica na Rua de Corbillon, a cerca de dois quilômetros do Stade de France, alvo de um dos ataques terroristas de sexta-feira, que deixaram ao menos 132 mortos e 352 feridos em Paris. As autoridades estavam vigiando o local há alguns dias. Estradas na área foram bloqueadas e reforços militares foram mobilizados. O transporte local foi suspenso e as escolas não abriram nesta quarta-feira.

MORADORES EM PÂNICO - Os moradores foram orientados a permanecer em suas casas e longe das janelas. Segundo o jornal “Le Figaro”, 15 pessoas, entre mulheres e crianças, foram retiradas do edifício onde estão os terroristas. Alguns foram transferidos para um abrigo temporário na prefeitura. Nabil Guerram, de 36 anos, que vive perto da Basílica de Saint-Denis contou que acordou com o barulho das explosões:

"Acordei às 4h20m com 36 os sons de um tiroteio intenso. Meu filho estava chorando. Teve um tiroteio ininterrupto por um período de 20 a 25 minutos, então acalmou, e começou de novo por muito tempo", disse Nabil.

129 IDENTIFICADOS - O governo francês informou que 129 vítimas dos ataques em Paris foram identificadas. Cerca de cem famílias agora estão permitidas de recolher os restos mortais de seus entes queridos no Instituto Médico Legal. No domingo, três dias depois dos atentados, as autoridades divulgaram que outras três pessoas que estavam hospitalizadas não resistiram aos ferimentos e faleceram, elevando o número de mortos para 132.

CAÇA A TERRORISTAS - Os investigadores resumem o esquema por trâs dos atentados coordenados em Paris como uma organização sofisticada com forte apoio logístico. Até agora, as informações constam que sete terroristas envolvidos diretamente nos ataques morreram: Bilal Hadfi, Amimou Samy, Ismael Omar Mostefai, Brahin Abdeslam (saiba quem são) e mais três que não foram identificados.

Além deles, a polícia acredita que Salah Abdeslan, foragido, realizou ataques nas ruas da capital francesa. E na terça-feira, uma fonte policial informou ao “Le Figaro” que há um nono suspeito que estaria vivo.

BUSCAS NA FRANÇA, BÉLGICA E ALEMANHA - A polícia francesa realiza desde a madrugada do domingo por todo o país centenas de buscas nas casas de supostos militantes islâmicos, com dezenas de detenções e armas apreendidas. As operações se estenderam pela Bélgica e Alemanha. Na terça-feira, os agentes alemães informaram sobre a prisão de sete pessoas ligada aos ataques.

AMEAÇAS - O Estado Islâmico divulgou vídeo na segunda-feira em que ameaça um ataque a Washington e aos países que bombardeiam a Síria.

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