Desastre

Deslizamento de terra na Guatemala deixa nove mortos e 600 desaparecidos

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 02/10/2015 às 20:27
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O deslizamento é de alto risco por estar próxima a um morro e a um rio / Foto: AFP

O deslizamento é de alto risco por estar próxima a um morro e a um rio Foto: AFP

O ruído de pás e máquinas de um batalhão de bombeiros, soldados e policiais é interrompido em alguns momentos para se tentar ouvir algum sinal de vida de pessoas soterradas por um deslizamento no leste da Guatemala que deixou 16 mortos até agora.

"Infelizmente, o número de corpos recuperados chega a 16", disse à AFP Alejandro Maldonado, titular da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres (Conred), referindo-se ao deslizamento registrado na noite de quinta-feira no município de Santa Catarina Pinula, 15 km ao leste da Cidade da Guatemala.

Segundo o funcionário, filho do presidente Alejandro Maldonado, o número de vítimas deve aumentar nas próximas horas, já que pelo menos 600 pessoas são consideradas desaparecidas pelo incidente ocorrido na aldeia El Cambray II.

Maldonado disse ainda que cerca de 125 casas foram afetadas pelo deslizamento. Segundo ele, entre os mortos há pelo menos três crianças.

Em meio ao panorama desolador e ao luto, Josué Coloma, um mecânico de 40 anos, observava o trabalho dos socorristas que buscavam seus dois sobrinhos, de 11 e 14 anos, desaparecidos no deslizamento.

"Neste ponto exato deveriam estar meus sobrinhos. Peço a Deus que estejam bem", declarou Coloma à AFP.

No local, foram resgatados outros dois parentes do mecânico que estavam com os menores no momento da tragédia. Os pais sobreviveram, porque voltavam de uma cerimônia religiosa.

O deslizamento surpreendeu a todos durante a noite nesta zona declarada de alto risco por estar próxima a um morro e a um rio.

 AVISOS DE UMA TRAGÉDIA  - "Somos um belo país, mas infelizmente somos muito vulneráveis a esse tipo de catástrofe", lamentou o presidente Maldonado, ao anunciar que a comunidade internacional já ofereceu apoio.
Familiares informaram que estão recebendo mensagens de texto de pessoas presas sob as casas

Familiares informaram que estão recebendo mensagens de texto de pessoas presas sob as casasFoto: AFP



De acordo com dados da Conred, após o deslizamento, 34 pessoas foram resgatadas com vida, 25 ficaram feridas, e 43 estão em um abrigo do governo.

"É muito difícil o trabalho de resgate, devido ao terreno acidentado. É praticamente como uma montanha", disse à AFP o socorrista Cecilio Chacaj, momentos antes de resgatar um homem com vida sob os escombros.

De acordo com autoridades da Conred, em várias ocasiões, recomendou-se transferir as famílias para um outro local pelo risco de desmoronamentos. Um dos últimos relatórios, emitido pela entidade em novembro passado, afirmou que deveriam ser aplicadas medidas para prevenir algum desastre "de maneira imediata".

"De maneira geral, pode-se considerar como soluções possíveis a realocação da comunidade afetada, parcial ou totalmente (...), em locais que tenham condições aptas para moradia", destacou o relatório, ao qual a AFP teve acesso.

Vários familiares informaram estar recebendo mensagens de texto de pessoas que estão soterradas.

DEMONSTRAÇÕES DE SOLIDARIEDADE - Após a tragédia em Santa Catarina Pinula, meios de comunicação, instituições públicas e grupos por meio de redes sociais começaram a arrecadar água, alimentos e cobertores para os desabrigados.
Em meio ao trabalho dos socorristas, família procurava por pessoas nos escombros

Em meio ao trabalho dos socorristas, família procurava por pessoas nos escombrosFoto: AFP



A embaixada dos Estados Unidos na Guatemala emitiu um comunicado para expressar "suas mais profundas condolências" às famílias das vítimas. Diplomatas de Cuba colocaram à disposição das autoridades guatemaltecas cerca de 500 membros da missão médica mobilizada no país.

A temporada de chuvas que começou em maio e se prolonga até novembro havia deixado oito pessoas mortas antes deste deslizamento, segundo dados oficiais.

Em 2014, a temporada chuvosa causou 29 mortos, dois desaparecidos, 25 feridos, 655.201 afetados e 9.061 casas com danos, detalharam as autoridades da Defesa Civil.

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