Conflitos

Líder talibã diz que paz no Afeganistão depende da saída das tropas estrangeiras

Lorena Barros
Lorena Barros
Publicado em 22/09/2015 às 12:37
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O novo líder dos talibãs afegãos, o mulá Akhtar Mansur, afirmou nesta terça-feira que a paz só será possível no Afeganistão com a saída das tropas estrangeiras do país e a revogação dos tratados militares entre Cabul e seus aliados.

Dez soldados afegãos morreram nesta terça-feira em um ataque executado com a ajuda de um rebelde infiltrado no exército, um novo sinal da determinação do mulá Mansur de continuar com a jihad (guerra santa), iniciada em 2001, após a queda do regime talibã. 

Em uma mensagem divulgada no site dos talibãs, "o emir dos fiéis" recorreu à retórica habitual do grupo islamita, criticou os "invasores e aqueles que os apoiam" no Afeganistão e defendeu a legitimidade de seu combate para "libertar" o país. 

Esta é a primeira mensagem do mulá Mansur durante a festa muçulmana do Aid al-Adha desde que sucedeu o mulá Omar, que teve a morte anunciada no fim de julho. 

"Se o governo de Cabul quer o fim da guerra e a chegada da paz, a ocupação deve cessar e os tratados militares com os invasores devem ser revogados", advertiu o mulá.

"O emirado islâmico (nome que os talibãs atribuem ao movimento) considera que se o país não estiver ocupado, os problemas dos afegãos podem ser resolvidos por um diálogo entre afegãos", destacou Mansur.

Implicitamente, Mansur faz referência ao tratado bilateral de segurança que autoriza a presença de 13.000 soldados estrangeiros no país, incluindo quase 10.000 americanos, desde o fim da missão da Otan em 2014.

Apesar da referência à jihad não ser nova, o apelo para a revogação do tratado de segurança é um elemento novo, segundo o general da reserva afegão Atiqullah Amarjil. 

"Ao divulgar esta mensagem, Mansur tenta conseguir o apoio de suas tropas e mais concessões no caso de reinício das negociações de paz com Cabul", opina o general.

Os rebeldes islamitas iniciaram negociações inéditas com o governo afegão, mas as conversações foram suspensas após o anúncio da morte do mulá Omar, que faleceu em 2013. 

A designação de Mansur como líder dos talibãs provocou uma forte polêmica no grupo. O filho e o irmão do mulá  Omar se negaram em um primeiro momento a jurar lealdade ao novo comandante, mas terminaram cedendo. Eles criticavam o que chamavam de processo de escolha sumário. 

O mulá Mansur também comentou na mensagem as divisões internas que teriam sido provocadas por sua designação como líder dos talibãs, que chama de "boatos sem fundamento". 

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