Tensão

Irã entrega à AIEA mostras de base militar suspeita de abrigar instalação nuclear

Lorena Barros
Lorena Barros
Publicado em 21/09/2015 às 11:28
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O Irã entregou nesta segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mostras retiradas por seus próprios especialistas da instalação militar de Parchin, sob suspeita de abrigar atividades nucleares, como parte de seus compromissos após o acordo com as grandes potências.

Após a entrega, o diretor geral da agência da ONU, Yukiya Amano, disse em Viena que "há progressos significativos" e garantiu que "a integridade das mostras e sua autenticidade não estão em dúvida". 

As mostras, sobre as quais não foram divulgados detalhes, "foram retiradas sob os protocolos estabelecidos", afirmou Amano, antes de admitir que "resta muito por fazer". 

"Na semana passada, especialistas iranianos retiraram mostras em vários locais precisos de Parchin, sem a presença dos inspetores da AIEA, respeitando as regras e as normas correspondentes", declarou Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA).

"As mostras foram entregues aos especialistas da AIEA", afirmou o porta-voz.

Yukia Amano esteve em Parchin, onde "visitou determinadas áreas sobre as quais existiam informações falsas", afirmou Kamalvandi no domingo.

A comunidade internacional suspeita que Parchin, ao leste de Teerã, abrigou testes de explosões convencionais aplicáveis a armas nucleares, o que o governo iraniano sempre negou.

Recentemente, a imprensa americana noticiou obras suspeitas em Parchin.

O porta-voz da OIEA respondeu que era a "reforma de uma estrada danificada por uma inundação".

O Irã negava o acesso da AIEA a Parchin, alegando que era uma base militar e que em 2005 a agência da ONU já havia realizado inspeções sem encontrar nada.

Amano fez uma visita no domingo a Teerã para obter "esclarecimentos" sobre alguns aspectos do programa nuclear iraniano.

No início de setembro, a AIEA solicitou ao Irã o fim das "ambiguidades" sobre as passadas atividades nucleares, como parte do processo de verificação antes da retirada das sanções internacionais que pesam sobre o país desde 2006, prevista no acordo histórico anunciado em 14 de julho entre Teerã e as grandes potências.

Antes da entrada em vigor do acordo, a AIEA deve apresentar em 15 de dezembro um relatório com o objetivo de esclarecer todas as dúvidas que ainda persistem sobre a "possível dimensão militar" do programa nuclear iraniano, pelo menos até 2003.

As mostras ambientais e de algumas partes específicas das instalações de Parchin foram realizadas na semana passada, segundo as autoridades iranianas. 

A AIEA e Teerã destacaram que este tipo de procedimentos pode ser verificado em tempo real com o uso satélites e tecnologias de geolocalização. 

A notícia de que os inspetores internacionais não estariam presentes no momento de retirada provocou críticas dos opositores do acordo, incluindo a oposição republicana nos Estados Unidos. 

O processo de verificação é crucial para que o acordo siga adiante e para a retirada das sanções contra o Irã. 

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