Dezenas de mortos

Arquipélago de Vanatu declara estado de emergência após ciclone

Lorena Barros
Lorena Barros
Publicado em 15/03/2015 às 8:35
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As dimensões do desastre ainda estão sendo avaliadas pelas autoridades / Foto: Inga Mepham / CARE / AFP

As dimensões do desastre ainda estão sendo avaliadas pelas autoridades Foto: Inga Mepham / CARE / AFP

O arquipélago de Vanuatu declarou neste domingo estado de emergência após a passagem do ciclone Pam, um dos maiores desastres naturais da história na região do Pacífico Sul e do qual as autoridades ainda tentam avaliar a dimensão.

O balanço oficial na capital Port Vila era de seis mortos neste domingo, mas voluntários das equipes de emergência consideram que isto representa apenas uma pequena fração das vítimas em todo o país, formado por quase 80 ilhas.

As linhas de comunicação permanecem cortadas na maior parte do arquipélago.

O governo tenta avaliar a real dimensão dos danos provocados pelo ciclone Pam, de categoria 5, a máxima, que devastou Vanuatu na sexta-feira à noite com rajadas de vento de até 320 km/h.

A ONU tem informações, ainda não confirmadas, de que 44 pessoas morreram em apenas uma província.

A ONG Oxfam informou que o ciclone afetou 90% das casas de Port Vila. O arquipélago tem população de 275.000 habitantes.

"Esta pode ser uma das piores catástrofes já vistas no Pacífico. O alcance das necessidades humanitárias é enorme. Comunidades inteiras foram devastadas", disse o diretor da Oxfam para Vanuatu, Colin Collet van Rooyen.

O presidente de Vanuatu, Baldwin Lonsdale, descreveu a tempestade como "um monstro que devastou nosso país".

"A maioria dos prédios ficou destruída, muitas casas, escolas e centros médicos", disse o chefe de Estado à BBC no Japão, onde participava justamente de uma conferência internacional sobre a prevenção de catástrofes naturais quando o ciclone passou pelo país.

Lonsdale pediu a ajuda da comunidade internacional.

Os voluntários revelaram um panorama desolador de casas destruídas, árvores derrubadas e estradas bloqueadas. A porta-voz do Unicef, Alice Clements, descreve a passagem do ciclone como "15 a 30 minutos de terror absoluto".

"As pessoas não têm água ou energia elétrica, a situação é desesperadora. A população precisa de ajuda", disse a porta-voz.

"As pessoas estão pegando frutas no chão e depois terão que recorrer a raízes. Em seguida não restará mais comida", completou.

"Casas e vilarejos inteiros foram completamente varridos", disse Chloe Morrison, porta-voz da ONG World Vision, que estava em Port Vila.

"Estas casas eram construções muito frágeis, que não tinham nenhuma possibilidade de resistir a um ciclone de categoria 5", explica. 

MEDO DAS DOENÇAS - As associações de ajuda humanitária temem a falta de alimentos e os problemas de saúde, uma consequência das difíceis condições nos centros de ajuda aos desabrigados.

"Em vários centros de abrigo, mulheres e crianças estão jogados como sardinhas em lata. As questões de saúde e segurança serão primordiais nas próximas semanas", afirmou Nichola Krey, da Save the Children. 

A ajuda internacional começa a chegar ao país. Um avião militar australiano conseguiu pousar no aeroporto da capital, com alimentos e remédios.

Um avião militar neozelandês também transportou alimentos e uma aeronave fracesa, com material de ajuda, decolou de Nova Caledônia.

França, Austrália e Nova Zelândia estão coordenando a ajuda.

O Reino Unido prometeu uma ajuda de dois milhões de libras. O governo dos Estados Unidos também se comprometeu com um auxílio a Vanuatu.

O ciclone Pam atravessou a principal ilha de Vanuatu, onde vivem mais de 65.000 pessoas, e um grupo de ilhas ao sul, que contam com 33.000 habitantes.

No arquipélago polinésio de Tuvalu, 1.500 km ao nordeste de Vanuatu, quase metade dos 11.000 habitantes foram afetados pelo ciclone, segundo o primeiro-ministro Enele Sopoaga.

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