Prisões

Espanha desarticula suposta rede jihadista para recrutar mulheres

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 24/02/2015 às 13:57
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Foram presas duas pessoas acusadas de recrutamento / Foto: Angela Rios / AFP

Foram presas duas pessoas acusadas de recrutamento Foto: Angela Rios / AFP

A Guarda Civil espanhola deteve quatro pessoas acusadas de formar uma rede dedicada ao recrutamento de jovens mulheres para o grupo jihadista Estado Islâmico através da internet, anunciou nesta terça-feira (24) o ministério do Interior.

Dois dos acusados foram detidos em Melilla, enclave espanhol no Marrocos, acusados de ser os "responsáveis pela criação e administração" de diversas plataformas da internet que difundiam "todo tipo de material propagandístico de grupos terroristas", em particular o EI, afirma o ministério em um comunicado.

"Os dois detidos, que estavam alinhados com a estratégia do grupo terrorista DAESH (acrônimo espanhol do EI), se dedicavam ao recrutamento de mulheres que, após o oportuno processo de doutrinamento, acabam se integrando no grupo terrorista", acrescenta o ministério.

Segundo ele, os recrutadores também organizavam reuniões particulares em domicílios para convencer potenciais guerrilheiros, alguns dos quais "já haviam iniciado os preparativos prévios para o deslocamento" às zonas de conflito, embora não tenham informado o número exato.

"Um dos detidos administrou uma comunidade virtual onde era editado material propagandístico" do EI "que chegou a ter mais de mil seguidores e um grande impacto em zonas da Espanha com alto índice de radicalização islamita", explicou o ministério no comunicado.

"Na rede social Facebook também havia muitos partidários de fora da Espanha, da América Latina e de outros países como Bélgica, França, Paquistão, Marrocos, Arábia Saudita, Estados Unidos, Turquia e Tunísia", acrescentou.

Os vínculos entre estes dois detidos e as outras duas pessoas presas, nas províncias catalãs de Barcelona e Gerona (nordeste da Espanha), estão sendo estudados pela Guarda Civil.

Um dos detidos na Catalunha "havia se definido em uma reportagem da rede de televisão CNN como um simpatizante do Estado Islâmico", afirma o ministério, que o descreve como "um perfil prototípico de ator solitário, ou seja, havia passado de consumir propaganda filoterrorista a realizar um intenso proselitismo".

O outro divulgava suposto material audiovisual para recrutar novos jihadistas, segundo o ministério. A Guarda Civil inspecionou as residências de ambos.

O homem detido em Barcelona era um jovem marroquino de 36 anos que vive na Espanha desde os oito anos. O jovem vive em uma casa modesta de Sant Vicenç dels Horts, a 20 km da capital catalã, junto a sua família, constatou um jornalista da AFP.

A polícia, que não informou a qual dos dois perfis o detido correspondia, explicou aos seus familiares que o jovem era suspeito de ter divulgado através da internet material relacionado à jihad.

"Ele publicava fotos relacionadas ao Islã, mas nada a ver com o terrorismo (...) é mentira que seja terrorista. Para ele, o Islã é paz", disse aos meios de comunicação seu irmão de 33 anos, Hicham Belkadar.

Nos últimos meses, as autoridades espanholas desmantelaram várias redes islamitas, especialmente em seus enclaves ao norte do Marrocos, Ceuta e Melilla, as únicas fronteiras terrestres entre Europa e África.

Segundo as autoridades, uma centena de espanhóis se incorporaram às milícias jihadistas no Iraque ou na Síria, um número relativamente baixo em comparação com milhares de guerrilheiros provenientes de França, Reino Unido ou Alemanha.

Outra das preocupações das autoridades ocidentais é a ida de mulheres jovens para se unir ao EI que, segundo uma estimativa de janeiro do Instituto para o Diálogo Estratégico de Londres, já seriam 550.

O Marrocos, que recentemente reforçou sua legislação antiterrorista, não esconde sua inquietação em relação a este fenômeno, já que mais de 2.000 de seus cidadãos se somaram às fileiras de grupos como o EI.

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