Argentina

Segurança diz que promotor Nisman pediu informações sobre armas

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 25/01/2015 às 14:49
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No dia 14 de janeiro, Nisman acusou formalmente a presidente Cristina e outros membros do governo de encobrir os suspeitos de um atentado terrorista em 1994 / Foto: AFP

No dia 14 de janeiro, Nisman acusou formalmente a presidente Cristina e outros membros do governo de encobrir os suspeitos de um atentado terrorista em 1994 Foto: AFP

O promotor Alberto Nisman, encontrado morto com um tiro na cabeça em 18 de janeiro -quatro dias depois de ter denunciado a presidente da Argentina, Cristina Kirchner-, havia pedido uma arma emprestada a um dos policiais de sua equipe de segurança, informou o jornal argentino "La Nación" neste domingo (25).

A arma da qual saiu o disparo pertence a Diego Lagomarsino, um técnico de informática que trabalhava com o promotor morto. Segundo seu testemunho, Lagomarsino entregou a arma a Nisman no sábado (17) à tarde.

Mas, antes de receber a pistola do colega, Nisman havia tentado conseguir uma com Rubén Benítez, um dos policiais que faziam segurança do promotor.

Benítez prestou depoimento e revelou, segundo o "La Nación", que no sábado (17) de manhã ele foi chamado por Nisman em seu apartamento, algo que não era usual.

O promotor teria pedido informações para comprar uma arma, como nomes de lojas e preços. Segundo o policial, Nisman queria manter uma pistola no carro para as ocasiões em que saísse com suas filhas.

Benítez teria respondido que a segurança do promotor e de sua família eram responsabilidade dos policiais.

O técnico em informática Lagomarsino relata ter recebido um telefonema de Nisman nessa mesma manhã. O seu chefe ligou e pediu a pistola emprestada por uma semana, pois depois ele iria comprar uma. Lagomarsino levou a arma a Nisman no sábado à tarde. Até agora, a investigação o aponta como a última pessoa a ver o promotor com vida. A morte aconteceu ao redor do meio-dia do domingo passado, dia 18.

AMIA - Nisman era o encarregado de investigar um atentado terrorista que aconteceu em 1994, em Buenos Aires. Uma bomba colocada em um carro em frente à sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) matou 85 pessoas.

Para o promotor, foi uma operação planejada por iranianos.

Em janeiro de 2013, a Argentina e o Irã assinaram um acordo de entendimento sobre o caso, que implicaria a instituição de uma comissão binacional para investigar o atentado.

Na denúncia do promotor, essa era a parte oficial do acordo, mas, na prática, ele implicaria a impunidade dos responsáveis. No dia 14 de janeiro, ele acusou formalmente Cristina e outros membros do governo de encobrir os suspeitos. Foi achado morto com um tiro na cabeça quatro dias depois.

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