Nisman foi encontrado morto dentro de casa com um tiro na cabeça. Foto: AFP
A juíza Sandra Arroyo Salgado, ex-esposa de Nisman e mãe de suas duas filhas de 7 e 15 anos, depôs nesta sexta-feira (23) ante a promotora Vivian Fein, que investiga a morte de seu colega, qualificada de "suspeita".
Nisman foi encontrado morto no último domingo (18), um dia antes de explicar para o Congresso a acusação que apresentou contra a presidente Cristina Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman.
"Ninguém mais do que eu e a presidente queríamos que Nisman vivesse para responder às perguntas (dos deputados)", escreveu nesta sexta-feira o chanceler em seu Twitter, após quatro dias de silêncio.
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Dois dos dez assessores a serviço de Nisman foram convocados a depor para explicar por que não alertaram imediatamente às autoridades que o promotor não respondia às suas ligações.
Vizinhos do luxuoso edifício do bairro Puerto Madero onde vivia Nisman também foram citados para testemunhar. A promotoria também analisa as imagens das câmeras de segurança.
A Argentina acusa ex-altos funcionários iranianos de participar do maior atentado de sua história. Mas em 2013 os dois países assinaram um Memorando de Entendimento, rejeitado pela comunidade judaica, para permitir o interrogatório dos acusados no Irã.
O texto completo da denúncia de Nisman foi divulgado pela justiça na terça-feira.
Na denúncia, Nisman afirmou que Kirchner emitiu uma ordem expressa para aplicar um plano de acobertamento que desvinculasse os acusados iranianos do atentado da AMIA, garantindo-lhes impunidade.
Nisman acusou ainda o governo argentino de combinar com o Irã a reativação do comércio de petróleo em troca da desistência dos pedidos de prisão à Interpol que ainda pesam sobre cinco iranianos suspeitos de participar do atentado, que há 20 anos deixou 85 mortos e 300 feridos em Buenos Aires.
Ainda segundo o promotor, "o plano elaborado por Cristina Fernández incluía o fim dos alertas vermelhos da Interpol - um plano frustrado inesperadamente pela ação firme do secretário-geral Ronald K. Noble".
Desde o início, a promotora Fein caracterizou a morte como "suspeita", apesar de os primeiros resultados da necrópsia indicarem a possibilidade de suicídio.
A arma calibre 22 de onde partiu o tiro que matou o promotor e que estava sob seu corpo havia sido levada no dia anterior por um colaborador próximo, segundo o mesmo relatou à promotora.