Protesto

México: manifestantes incendeiam sede do partido do governo em Guerrero

Elvis Lima
Elvis Lima
Publicado em 11/11/2014 às 19:04
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Manifestação faz parte da onda de protestos que exige que o governo encontre os 43 estudantes desaparecidos desde o dia 26 de setembro / Foto: AFP

Manifestação faz parte da onda de protestos que exige que o governo encontre os 43 estudantes desaparecidos desde o dia 26 de setembro Foto: AFP


Manifestantes mexicanos incendiaram nesta terça-feira (11) a sede do partido PRI no estado de Guerrero (sul do México), e enfrentaram a polícia em um novo protesto, com pelo menos cinco feridos, pelo desaparecimento de 43 estudantes que possivelmente foram executados.

O incêndio ocorreu durante uma tensa manifestação de professores sindicalizados e estudantes, alguns armados com paus e pedras, na cidade de Chilpancingo, capital de Guerrero, a 275 km da Cidade do México.

A subsecretaria de Defesa Civil informou que houve pelo menos cinco feridos por pedradas no protesto, dois deles jornalistas e três policiais. Um dos repórteres machucados é colaborador da AFP.

Professores integrantes da Coordenadoria Estadual dos Trabalhadores em Educação de Guerrero (CETEG) e estudantes de escolas rurais, que em sua maioria estavam com os rostos cobertos, confrontaram o batalhão de choque nas ruas.

Durante a manifestação, foram jogados coquetéis molotov contra a sede do Partido Revolucionário Institucional (PRI), do presidente Peña Nieto.

"Ao menos 400 pessoas conseguiram ocupar o edifício da PRI e deter os funcionários, que logo foram liberados", disse Cuauhtémoc Salgado, dirigente estatal do partido, à rede Milenio Televisión.

A manifestação faz parte da onda de protestos que exige que o governo encontre os 43 estudantes desaparecidos desde o dia 26 de setembro, quando foram atacados por policiais e por narcotraficantes do cartel local Guerreiros Unidos na cidade de Iguala.

A promotoria anunciou na última sexta-feira que, segundo a confissão de detidos, os jovens foram assassinados, seus corpos queimados e depois jogados em um rio. Mas as famílias e amigos não acreditam nessa versão e exigem que a busca seja reforçada.

Está prevista para esta terça-feira, em Chilpancingo, uma reunião das famílias das vítimas com Miguel Ángel Osorio Chong, secretário do Interior, e Jesús Murillo Karam, procurador-geral, para que sejam conhecidos os avanços da investigação, informaram à AFP porta-vozes desses órgãos.

Os familiares querem pedir a colaboração dos Estados Unidos na busca por seus filhos desaparecidos.

"Queremos dizer a eles que venha gente dos Estados Unidos para reforçar a busca", adiantou Epifanio Alvarez, pai de um dos 43 estudantes.

A procuradoria mexicana informou que os Estados Unidos já colaboraram na investigação.

As manifestações dos estudantes, apoiados pelos professores da CETEG, não param desde que foi informado que os jovens da escola rural de Ayotzinapa (Guerrero) podem ter sido massacrados.

Liderados pelos pais dos desaparecidos, estudantes bloquearam na segunda-feira, por várias horas, o aeroporto internacional de Acapulco (Guerrero), após um enfrentamento com policiais estaduais que resultou em cerca de vinte agentes feridos.

Durante o fim de semana também houve manifestações violentas. Um pequeno grupo de pessoas que protestou no sábado à noite ateou fogo na porta do Palácio Nacional, no centro da Cidade do México, enquanto em Chilpancingo estudantes incendiaram vários veículos.

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