mãe e filha

Pernambucana foge com filha devido a agressões e acaba presa nos EUA

Mariana Dantas
Mariana Dantas
Publicado em 21/01/2014 às 18:36
Leitura:

mae_e_ilha
O maior receio de Karla agora é perder a guarda da filha. Foto: site sobre o caso

Depois de sofrer agressão física do ex-marido, constatar que sua filha tinha sido violentada sexualmente pelo próprio pai, procurar a Justiça norte-americana e ter o processo arquivado, a pernambucana Karla Janine Albuquerque, 43 anos, decidiu fugir da Flórida, nos Estados Unidos, onde morava, para construir uma nova vida ao lado da filha no estado do Texas. Nos últimos dois anos, Karla encontrou paz, emprego e uma escola conceituada para a filha. Mas na última quinta-feira (16), ela foi presa como fugitiva e acusada de sequestrar a menina. Hoje com seis anos de idade, a criança está sob guarda da Justiça texana, no DCF - o departamento similar ao Conselho Tutelar no Brasil.

O maior receio da brasileira agora é perder a guarda da criança para o pai, o americano Patrick Joseph Galvin. A irmã de Karla, Karine Santos, que também reside nos Estados Unidos, teme que a Justiça não decida a seu favor. “Minha irmã está enfrentando não apenas processo civil, mas também um criminal por não ter cumprido com as leis da Flórida. Ela saiu do estado com intuito único de salvar minha sobrinha de um pai agressor sexual. Vou tentar conseguir a custódia da criança mesmo sabendo que tenho poucas chances”, escreveu Karine no site que criou para pedir apoio e arrecadar recursos para pagar os advogados da irmã, que cobraram, inicialmente, US$ 3,5 mil. O primeiro julgamento do caso acontece nesta quinta-feira (23).

A pernambucana Karla Albuquerque foi morar nos EUA em 2001 e conheceu o seu ex-marido em 2005. Alguns meses depois, engravidou e os dois resolveram casar. “Minha filha cometeu o erro comum de se relacionar com uma pessoa desconhecida. Se ela fizesse uma busca na internet teria descoberto que Patrick já respondeu a processo por abuso sexual contra uma enteada e é classificado pela justiça americana como sex offender”, afirma a mãe de Karla, Kátia Sarmento Martins, que reside no Recife. Sex offender nos EUA é definido como alguém que comete ou estimula atos sexuais em ou na presença de menores de 16 anos. Ainda segundo a família de Karla, o caso aconteceu em 1996, quando Patrick cehgou a ser condenado pelo crime. Na época, o acusado foi preso, mas entrou em acordo com a família e foi solto. A condenação do homem consta, inclusive, no site da polícia americana.


A foto de Patrick está disponível em um site da polícia do estado americano da Flórida
Foto: reprodução Florida Department of Law Enforcement

Poucos meses após o nascimento da filha, Karla, segundo a família, começou a sofrer agressões de Patrick e chegou a prestar queixa na polícia. O norte-americano ainda tentou uma reconciliação com a pernambucana, mas a relação conturbada chegou ao fim, definitivamente, após Karla descobrir que a filha, na época com três anos, sofreu agressão sexual do pai. A criança relatou a agressão aos professores da escola e, de acordo com a família da brasileira, exames constataram que ela realmente tinha sido abusada.
 
Segundo a família da pernambucana, após as denúncias, enquanto o processo estava em andamento, Patrick só podia visitar a filha com supervisão. Em 2011, conta os familiares, apesar de as provas apresentadas, incluindo relatório de psicólogos que acompanharam a criança, por meio do qual foi confirmado o abuso, o processo criminal foi arquivado e as visitas liberadas ao pai, sem supervisão. “O relatório sequer foi apreciado pelo juiz. Minha filha tentou por anos seguir as leis, mas não obteve sucesso. Acho que o fato dela ser brasileira e a família do ex-marido ter influência desfavoreçam Karla. Desesperada, ela resolveu fugir”, disse a mãe da pernambucana.

ITAMARATY
– Familiares de Karla entraram em contato nesta terça-feira (21) com o consulado brasileiro localizado em Houston (no Texas) e com o Itamaraty, em Brasília. O caso está em análise e o consulado brasileiro ficou de entrar em contato com seus familiares ainda nesta terça. A reportagem do NE10 também conversou com a assessoria do Itamaraty e foi informada que, embora não possa interferir em decisões judiciais de outros países, estará à disposição da brasileira caso ela seja prejudicada pela sua nacionalidade. 

DOAÇÃO
– Informações sobre doações para arcar com as custas processuais estão disponíveis no site da campanha (http://igg.me/p/653510).

Mais lidas