O delegado Paulo Berenguer foi o segundo a prestar depoimento no julgamento dos acusados Foto: Luiz Pessoa/NE10
Arrolado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) como testemunha de acusação, o delegado foi primeiramente questionado pelo órgão. Indagado pela promotora Eliane Gaia e os advogados de defesa, Berenguer apontou a conduta de cada um dos acusados na execução da vítima. "Dona Isabel entregou a faca, Bruna segurou Jéssica e Jorge deu o golpe na jugular", explicou o delegado por diversas vezes.
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Segundo Berenguer, o caso chegou às mãos dele após a notícia de que o desaparecimento de uma moradora de rua em Olinda teria ligação com os crimes praticados pelo trio de canibais. A forma de agir e o modo que executaram a adolescente estiveram entre os principais questionamentos ao delegado.
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Se o crime não tivesse sido descoberto em abril de 2012, afirmou o delegado, os assassinatos continuariam. "Identificamos outras eventuais vítimas que poderiam ser mortas pelo trio, mas os planos foram interrompidos com a prisão dos três", afirmou. Questionado pelos advogados de defesa, Paulo Berenguer negou que houvesse qualquer tipo de dependência de Isabel e Bruna em relação a Jorge, apontado por diversas vezes como o líder do trio. "Não existe um líder ou falta de liderança. Existe a individualização de conduta", ressaltou.
Berenguer também foi questionado pela promotora se, na época em que Jorge foi julgado pelo assassinato de Luciano Severino da Silva houve a realização de exame de insanidade mental. "Pelo que apuramos, nem na fase de inquérito nem na fase de processo criminal, não foi requisitado exame de insanidade mental", destacou o delegado.
A promotora também questionou o delegado se houve telefonemas de Jéssica, quando estava em cárcere privado, para a família. "Houve um telefonema de Jéssica para a tia. Ela dizia que estava em cárcere privado. Mas ela (Jéssica) não sabia onde estava morando e não deve ter saído de casa", explicou Berenguer, que não voltou a apontar outros contatos familiares.
Ainda segundo Paulo Berenguer, Bruna afirmou à polícia, durante os depoimentos, que Jéssica continuou viva por alguns momentos depois que levou o golpe de Jorge. "Segundo relato de Bruna, a vítima estava convulsionando quando foi levada para o banheiro."
DISCUSSÃO - Durante os questionamentos dos advogados de defesa dos réus, o delegado Paulo Berenguer se mostrou bastante incomodado com a subjetividade das perguntas. "Nosso inquérito se adequa na objetividade e adequamos ao processo penal; não tenho como responder estas perguntas", declarou por diversas vezes. A questão também foi discutida entre a promotoria e a defesa, rapidamente intermediada pela juíza Maria Segunda.