Insegurança

Em Porto de Galinhas, sacar dinheiro é sinônimo de dificuldade

Cássio Oliveira
Cássio Oliveira
Publicado em 08/02/2017 às 9:25
Leitura:

A investida dos bandidos acabou comprometendo o funcionamento dos bancos / Foto: Diego Nigro / JC Imagem

A investida dos bandidos acabou comprometendo o funcionamento dos bancos Foto: Diego Nigro / JC Imagem

Não está fácil a vida para quem depende do Banco do Brasil (BB)  e de caixas 24 Horas na Praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no litoral Sul de Pernambuco. Após a explosão da agência e caixas da instituição, na madrugada da última sexta-feira (3), pousadas locais já recebem reclamações de turistas que estão sem condições de sacar dinheiro na praia.

Sem previsão de reabertura da agência, a Secretaria de Turismo e Cultura de Ipojuca propôs ao gerente do Banco do Brasil ceder salas da Secretaria para que funcione temporariamente no atendimento sem movimentação financeira. Todas as operações com movimentação financeira poderão ser feitas através do Banco Postal dos Correios. Neste momento, os turistas e moradores que quiserem sacar ou precisarem de contato com algum atendente ou gerente tem que locomover até o centro de Ipojuca.

A prefeitura de Ipojuca também prometeu buscar a administração dos caixas de Banco 24 Horas para solicitar a instalação de caixas emergenciais em Porto de Galinhas. Além do BB, a agência da Caixa Econômica Federal teve o cofre explodido pelos bandidos, mas os caixas eletrônicos estão em condições de funcionar. Entretanto, segundo moradores, por medo de assaltos, caixas eletrônicos 24 Horas aos arredores da praia estão desabastecidos.

Em entrevista ao NE10, a secretária executiva da Associação Pousada Charmosa, Evelyn Silva, explicou que, em geral, os donos de pousadas não estão tendo problemas para fazer suas movimentações financeiras, pois utilizam o internet banking para realizar pagamentos e depósitos. Entretanto, estão se queixando da falta de uma agência para poder resolver problemas burocráticos diretamento com o gerente da instituição.

Quem também sofre com a falta de caixas eletrônicos são os comerciantes. Já que uma parte dos turistas não conseguem sacar dinheiro vivo, aqueles que não tiverem a maquineta de cartão de crédito vão acabar tendo prejuízo.

"Por mais que existam outros bancos, muitos turistas utilizam o BB. E eles não conseguem realizar pagamentos na feirinha, por exemplo. E a compra deles no comércio local é importante para e gerar economia na praia. Alguns que alugam cadeiras na praia já tem máquina de cartão, mas muitos ainda não trabalham com isso. Por isso, a tendência é que o comércio local sinta com o passar das semanas", disse Evelyn. A Pousada Flor de Maraca, em Porto de Galinhas, também já tem relato de turistas que estão sentindo a falta de caixas 24 Horas e do Banco do Brasil na cidade para poder realizar saques.

O grupo armado aterrorizou a praia de Porto de Galinhas

Não existe previsão para a reconstrução da agência

Não existe previsão para a reconstrução da agênciaFoto: Diego Nigro / JC Imagem

A ação dos bandidos em Porto de Galinhas também atingiu oito comerciantes que tiveram seus boxes destruídos com a explosão. Eles receberam autorização especial da prefeitura para comercializar seus produtos na calçada da feirinha.

Um bingo está sendo articulado junto à Associação de Hotéis, Pousadas e Restaurantes de Porto de Galinhas, e também junto a artistas. “Vamos conversar com artistas de Porto e pedir a doação de obras para que sirvam como prêmios para um bingo a ser realizado pela iniciativa privada com apoio do poder público. Todo o recurso arrecadado será dividido entre os comerciantes. É uma forma de minimizar os prejuízos, ajudar a essas pessoas”, relata Rui Xavier, secretário municipal de Turismo e Cultura.

Esses comerciantes se reuniram com o prefeito Irmão Ricardo para solicitar celeridade na reconstrução dos espaços destruídos pelo fogo. O encontro aconteceu nessa terça-feira (07), no gabinete do prefeito, e reuniu secretários e o procurador-geral do município, Amaro Alves.

Diego Nigro/JC Imagem
A explosão do terminal da Caixa Econômica Federal causou um incêndio na feirinha de artesanato próxima ao local - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
A explosão do terminal da Caixa Econômica Federal causou um incêndio na feirinha de artesanato próxima ao local - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
A agência do Banco do Brasil ficou totalmente destruída com a explosão - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
A agência do Banco do Brasil ficou totalmente destruída com a explosão - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
A agência do Banco do Brasil ficou totalmente destruída com a explosão - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
Durante a ação, bandidos metralharam carros da Polícia Militar - Diego Nigro/JC Imagem
Diego Nigro/JC Imagem
Durante a ação, bandidos metralharam carros da Polícia Militar - Diego Nigro/JC Imagem

“Estamos solidários, e também temos interesse de que tudo volte ao normal em Porto. Já concedemos licença para que os comerciantes trabalhem na calçada da feirinha, estamos organizando um bingo junto com a iniciativa privada com renda totalmente revertida aos comerciantes. A Secretaria de Infraestrutura está trabalhando no projeto da obra de reconstrução dos boxes, fazendo levantamento de custos", resumiu o gestor municipal.

Tudo vai começar por uma análise da Secretaria de Infraestrutura iniciou no local, incluindo o levantamento dos danos e dos custos para a recuperação. Paralelamente, a procuradoria municipal irá consultar o Tribunal de Contas sobre a realização das obras emergenciais na feirinha - o TCE emitiu, no início do governo interino do Irmão Ricardo, uma recomendação para não se iniciasse novas obras antes das eleições previstas para abril.

"Trata-se de uma ocasião especial, de urgência, inesperada, e tenho confiança de que o Tribunal de Contas vai entender a necessidade de realizarmos a recuperação da feirinha de Porto de Galinhas. Estamos empenhados em devolver a paz e a beleza à praia de Porto, um dos principais destinos turísticos do país", concluiu o prefeito.

Os artesãos que também perderam seus boxes com o impacto das explosões afirmam que estão confiantes para reconstruir os estabelecimentos e voltar a trabalhar. “A vida continua e vamos recomeçar de um jeito melhor e mais bonito”, contou a artesã Tânia Lúcia à TV Jornal.

Mais lidas