A revolução levou esse nome por causa de seus revolucionários que se organizaram na Rua da Praia, hoje ponto de comércio intenso no Recife Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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O movimento da Praieira
Em abril de 1848, o Estado se chamava Província de Pernambuco e era governada por Araújo Lima leal ao governo de Dom Pedro II e que tinha ideias conservadoras. Os revoltosos não aceitavam a ideia de Araújo Lima no poder e publicaram um manifesto intitulado “Manifesto ao Mundo” no jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia.
Entre as pautas abordadas no manifesto, questões de liberais fizeram parte dos pedidos: o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, garantia de trabalho, nacionalização do comércio, abolição da escravatura e a mudança de governo para uma república. Muito desses pedidos se inspiraram em ideais difundidos na época.
“Uma das características do ano de 1848 é que no mundo houve a ascensão de movimentos sociais e as nacionalidades começam a surgir. A partir disso, a Revolução Praieira é uma resposta às questões sociais da época”, explica o professor e doutor em história da Universidade Federal de Pernambuco, Severino Da Silva.
Entre os principais líderes da Revolução Praieira está outro nome conhecido de todos os que moram no Recife e Região Metropolitana: o intelectual e revolucionário general Abreu e Lima, nome de município da RMR.
Apesar de ter suas origens nas difíceis condições econômicas e sociais de Pernambuco na época e na insatisfação com a concentração fundiária nas mãos de poucos, a Praieira ainda não poderia se intitular um movimento socialista. “Por uma questão de tempo, os intelectuais da época como Antônio Jorge Figueiredo antecedem pensamentos marxistas, mas eles já discutiam questões sociais urbanas importantes para a época”, comenta o professor Severino.
A Praieira era claramente uma rebelião que trazia de volta o ideal republicano de outras revoltas pernambucanas como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador de 1824. Pernambuco pela última vez mostrou ser um local instintivamente revolucionário e celeiro de grandes revoltas que entraram para a história do Brasil.
Dois anos depois, a revolução foi contida pelas tropas do governo de Dom Pedro II em 1850 e, mesmo após tomar Recife e Olinda, os revolucionários não conseguiram apoio de outras províncias.
No entanto, o que fica é a história de luta do povo pernambucano por melhores condições. “ Essa questão de Pernambuco ser sede de várias revoluções é uma tradição que vem desde o período colonial. O Estado sempre manteve esse certo sentimento de independência e todas essas revoltas geraram o mito de que somos um lugar que cria revoluções”, encerra Severino.