Central da Apac funciona 24 horas em um prédio da Cruz Cabugá, em Santo Amaro Foto: Mariana Dantas/ NE10
Mas será que as críticas são justas? Pelo menos elas destoam, e muito, da porcentagem de acertos do órgão em suas previsões climáticas. Os acertos chegam a 95% para previsões de 24 horas. “Nossa equipe é formada por 10 meteorologistas, todos com especialização mestrado ou doutorado. Além disso, contamos com imagens de satélites e equipamentos de ponta para auxiliar o nosso trabalho”, afirma o gerente de Meteorologia da Apac, Patrice Oliveira. Ele explicou que a porcentagem de acertos para previsões pluviométricas é menor para períodos mais longos, sendo de 75% para previsões de 48 horas e 50% para 72 horas. “Porém, todos os nossos boletins são diários, divulgados duas vezes ao dia, às 7h e às 17h”.
Segundo Patrice Oliveira, parte das críticas da população também tem relação com falta de compreensão sobre as previsões. “Quando informamos que há possibilidade chuva em áreas do Recife, por exemplo, os moradores dos bairros onde não choveu avaliam que a nossa previsão estava errada, mesmo que o céu esteja nublado. Não fazemos previsões para uma rua ou bairro, mas para áreas de 12 quilômetros quadrados. Pode chover em Casa Amarela, mas no Pina ficar somente nublado”, explicou.
Para conhecer um pouco do trabalho dos profissionais da Apac, que celebram nesta quarta-feira (23) o Dia Mundial da Meteorologia, a reportagem do NE10 visitou as instalações do órgão na Avenida Cruz Cabugá, no bairro de Santo Amaro, no Recife. É lá que a equipe se reveza em turnos para monitorar imagens de satélites e relatórios numéricos sobre temperatura, umidade do ar, pressão atmosférica, volume de chuva, entre outros.
“Trabalhamos de forma integrada com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e com o Centro Nacional de Monitoramentos e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), compartilhando dados e de imagens de satélite. Contamos ainda a licença para uso das imagens de satélite da Agência Espacial Européia”, explica Patrice.
Além das imagens de satélite, a Apac conta com 153 estações meteorológicas instaladas em diversos municípios do Estado, sendo 26 fixas e 126 de alerta. Também chamadas de PCDs (Plataformas de Coleta de Dados), as estações fazem a medição da velocidade do vento, pressão, umidade e precipitações, enviando automaticamente os dados para a Central no Recife em intervalos de uma hora. No caso de ocorrência de chuvas, o intervalo reduz para 10 minutos.
Realizada com a profissão que escolheu, a meteorologista Maria Aparecida, 49 anos, que trabalha na Apac, diz que apesar da responsabilidade e da aparente monotonia de passar o dia inteiro em uma sala repleta de monitores, é apaixonada pelo trabalho. “Saber que esses equipamentos procuram interpretar a natureza é algo muito envolvente. Trabalho dentro do escritório, mas estou olhando para o mundo”.
Segundo Patrice, falta compreensão da populaçãoFoto: Mariana Dantas/ NE10
Questionado se o novo equipamento poderia prever fenômenos como o ocorrido no último dia 29 de janeiro, que deixou um rastro de destruição no Grande Recife, Patrice Oliveira disse que não. “Aquele foi um fenômeno raro em nossa região, chamado de Vórtice Ciclônico de Altos Níveis. Ou seja, o problema não foi a chuva, e sim o vento”, explicou. No dia da ventania, a Apac foi motivo de memes entre os internautas por não ter conseguido prever o fenômeno. Os deputados da Assembleia Legislativa do Estado (Alepe) chegaram a realizar uma audiência pública para solicitar explicações à Agência sobre o incidente.