Crise no sistema prisional

Detentos feridos em tumulto no Complexo do Curado seguem internados no Otávio de Freitas

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 31/01/2015 às 16:59
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Confusão no Complexo do Curado ocorreu no horário de visita.  / Foto:  Hesíodo Goes/JC Imagem

Confusão no Complexo do Curado ocorreu no horário de visita. Foto: Hesíodo Goes/JC Imagem

Dois dos quatro detentos feridos durante tumulto deste sábado (31) no Complexo Prisional do Curado, Zona Oeste do Recife, seguem internados no Hospital Otávio de Freitas. Alisson Avelino da Silva, de 21 anos, e Diogo Santos de Lima, de 20 anos, passaram por cirurgia nesta tarde após ferimentos na barriga e na cabeça.

O estado de saúde dos dois homens não foi informado e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos diz que só vai emitir novo boletim na manhã deste domingo (1º). Além dos quatro feridos, a confusão também deixou um morto. David Bezerra dos Santos, de 20 anos, chegou a ser socorrido, mas resistiu.

O tumulto começou por volta das 7h30, quando mulheres de presos do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, uma das três unidades, ficaram indignadas com o atraso na entrada para a visita íntima. Em protesto, subiram nas grades. Os detentos, por sua vez, ao ouvir a gritaria do lado de fora, atiraram pedras pelos muros. Foram usadas balas de borracha para controlar o tumulto, o que deixou o clima ainda mais tenso.

Hesíodo Goes/JC Imagem
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SISTEMA EM CRISE - Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

A situação ficou ainda pior na semana passada, quando o Complexo do Curado passou por três dias de rebelião, motim de deixou três mortos, dois detentos, um deles decapitado, e um sargento da PM. A reivindicação dos reeducandos era a saída do juiz Luiz Rocha, acusado pelos presos de não ser hábil no julgamento dos processos de progressão de pena e transferências e exigiam melhores condições de convivência dentro das unidades e garantias de que seus familiares seriam melhor tratados em dias de visita. Nessa sexta-feira (30), o esquadrão antibombas foi acionado para desativar uma possível bomba instalada dentro do presídio Frei Damião de Bozzano.

Na mesma semana, os presos da Barreto Campelo também se rebelaram. Eles exigiam mais rapidez no julgamento de processos. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, 27 presos ficaram feridos.

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