De longe é possível avistar os detentos circulando pelos muros do complexo Foto: Marília Banholzer/NE10
VIOLÊNCIA - A rebelião teve início na manhã da segunda-feira (19), quando os internos fizeram uma greve de fome e subiram nas lajes e pavilhões do complexo, chegando a atear fogo em colchões. Durante o tumulto, o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira Carmo, 44, foi atingido por uma bala durante uma inspeção na guarita central do complexo. Ele chegou a ser socorrido para o hospital, mas não resistiu e morreu. Do lado de fora a confusão se prolongou pela noite com familiares desesperados sem notícias dos detentos. Até esta terça-feira, segundo números oficiais, a rebelião deixou três mortos e 30 feridos. A mesma ainda não havia sido totalmente controlada até a noite desta terça. Já os detentos da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, no Litoral Norte do Estado, fizeram um motim nesta terça (20). Cerca de 100 detentos subiram nos telhados dos seis pavilhões da unidade e exibiram faixas e cartazes pedindo que a Justiça seja mais ágil e julgue os processos.
COMPLEXO DO CURADO - É formado por três unidades: o Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo, o Presídio Frei Damião de Bozzano e o Presídio Juiz Antônio Luiz de Lins Barros. Atualmente, há pouco mais de 6 mil presos espremidos num espaço com capacidade para 1,3 mil detentos.
Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que o delegado João Paulo Andrade, da 4ª Delegacia de Homicídios, foi designado para apurar a morte do sargento da Polícia Militar de Pernambuco, ocorrida no Complexo Prisional do Curado.
SISTEMA EM CRISE - Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.
A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado. O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.
No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.