Rebelião

Outro detento morre no Complexo Prisional do Curado

Renata Dorta
Renata Dorta
Publicado em 20/01/2015 às 16:08
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Presos subiram novamente na cobertura de um dos pavilhões do complexo na tarde terça-feira. Tensão continua no local / Foto: Mariana Dantas/ NE10

Presos subiram novamente na cobertura de um dos pavilhões do complexo na tarde terça-feira. Tensão continua no local Foto: Mariana Dantas/ NE10



Um detento morreu e outro ficou ferido na tarde desta terça-feira (20) durante o segundo dia de rebelião no Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife, subindo para três vítimas e 30 feridos o saldo da violência no local. De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, o detento assassinado se chama Mario Antônio da Silva, 52 anos. Ele foi decapitado. Fotos, circulando no Whatsapp de familiares dos detentos, indicam mais mortes e mutilações. Porém, nada foi confirmado pelas autoridades.

O clima continua tenso no complexo. Por volta das 17h homens da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) entraram no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB) onde foram escutados tiros e explosões.

VIOLÊNCIA - A rebelião teve início na manhã dessa segunda-feira (19), quando os internos fizeram uma greve de fome e subiram nas lajes e pavilhões do complexo, chegando a atear fogo em colchões.
Durante o tumulto, o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira Carmo, 44, foi atingido por uma bala durante uma inspeção na guarita central do complexo. Ele chegou a ser socorrido para o hospital, mas não resistiu e morreu. Do lado de fora a confusão se prolongou pela noite com familiares desesperados sem notícias dos detentos.

COMPLEXO DO CURADO - É formado por três unidades: o Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo, o Presídio Frei Damião de Bozzano e o Presídio Juiz Antônio Luiz de Lins Barros. Atualmente, há pouco mais de 6 mil presos espremidos num espaço com capacidade para 1,3 mil detentos.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco disse que o delegado João Paulo Andrade, da 4ª Delegacia de Homicídios, foi designado para apurar a morte do sargento da Polícia Militar de Pernambuco, ocorrida no Complexo Prisional do Curado.

Edmar Melo/ JC Imagem
Soldados da Tropa de Choque estão no local - Edmar Melo/ JC Imagem
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A polícia está posicionada em pontos como guaritas e muros do complexo - Edmar Melo/ JC Imagem
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- Edmar Melo/ JC Imagem
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Cartazes pedem a presença do TJPE e a saída do juiz da 1ª Vara de Execuções Penais - Edmar Melo/ JC Imagem
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Sem se intimidar com a imprensa, presos posaram para fotos - Edmar Melo/ JC Imagem
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Detentos também exibiam sem medo facões e porretes - Edmar Melo/ JC Imagem
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No segundo dia de rebelião os detentos voltaram a se instalarem a cobertura do Complexo Prisional do Curado - Edmar Melo/ JC Imagem


SISTEMA EM CRISE -
Nos primeiros dias de janeiro, o novo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, enfrentou a primeira crise no caótico sistema prisional do Estado. Em apenas quatro meses e uma semana como secretário de ressocialização, Humberto Inojosa renunciou ao cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM Eden Vespaziano. Na ocasião, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou também um pacote de medidas.

A promessa mais ousada foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais, feita três dias depois da Rede Globo divulgar flagrantes registrados no Complexo do Curado.  O sistema prisional do Estado é proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Hoje, existem cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil deles.

No Complexo do Curado, uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e por pouco detentos não conseguiram fugir por um túnel. A Globo divulgou imagens de presos circulando com facões e celulares, sem serem importunados, no complexo, a maior unidade do Estado. No último dia 7, o Batalhão de Choque foi ao local e fez uma varredura, encontrando cerca de 40 armas e celulares.

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