Saúde

Comida de praia é tudo de bom, mas é preciso ter cuidado

Amanda Duarte
Amanda Duarte
Publicado em 09/01/2015 às 17:12
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Para garantir as vendas, muitos ambulantes chegam bem cedo, por volta das 6h, e permanecem até o fim da tarde / Foto: Amanda Duarte/NE10

Para garantir as vendas, muitos ambulantes chegam bem cedo, por volta das 6h, e permanecem até o fim da tarde Foto: Amanda Duarte/NE10

Queijo coalho, espetinho de frango e carne, coração de galinha, caldinho de feijão, camarão e picolé são algumas das opções oferecidas pelos vendedores ambulantes na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. No verão, eles se multiplicam, assim como os banhistas e as crianças na orla. Para garantir as vendas, muitos chegam bem cedo, por volta das 6h, e permanecem até o fim da tarde. Mas, antes de adquirir os produtos, é recomendável observar a higiene do vendedor e o acondicionamento dos alimentos.

"Eu vendo bastante porque sou mais higiênico", garante o vendedor Moisés Cosmo Gomes, 59 anos. "Pessoas sem esse padrão vendem menos", completa. Ele se refere ao carrinho e aos materiais usados: veículo  fabricado em inox e só usa ketchups em sachê. Ele está na praia a partir das 6h da manhã em verões e invernos há 28 anos. José Severino, que comercializa caldinho há 26 anos, também conta que já ganhou muitos clientes por causa da higiene. "Já vendi para estrangeiros que nunca tiveram coragem de comer caldinho, mas viram meu carrinho, acharam limpo e resolveram provar", afirma.

Maria do Carmo da Silva, 35, sempre atenta para a limpeza da panela dos caranguejos antes de comprá-los

Maria do Carmo da Silva, 35, sempre atenta para a limpeza da panela dos caranguejos antes de comprá-losFoto: Amanda Duarte/NE10

O vendedor de camarão Ednaldo Sérgio de Souza, 45, explica com prazer a origem do alimento: "Esse camarão é de água doce, criado em viveiro. O meu fornecedor compra do viveiro e congela por 10 a 30 dias, dependendo da quantidade adquirida. Todo dia, compro do fornecedor o camarão congelado, quee descongela naturalmente na praia". Ednaldo consegue vender cerca de cinco quilos de camarão nos fins de semana. A quantidade cai para três quilos nos dias úteis. "Quem come camarão tem que observar as grandes bacias, às vezes com oito ou dez quilos, porque dificilmente a pessoa vai vender tudo e no outro dia vai reaproveitar o alimento", alerta o ambulante.

Para os banhistas que frequentam a praia, higiene é fundamental. A pedagoga Maria do Carmo da Silva, 35, sempre atenta para a panela dos caranguejos antes de comprá-los. "Eu observo se o material está limpo e se ele raspou todos os pelos do animal", comenta. Já a administradora Rejane Messias, 38, prefere não comprar comidas que tenham passado por contato manual ou com água: "Eu prefiro amendoim seco ao cozido e não como ovo de codorna, porque não sei com que água ele foi preparado".

A nutricionista da Vigilância Sanitária Emília Resque confirma que os cuidados são necessários, principalmente se quem vai comer os produtos são idosos ou crianças menores de dois anos. "Esse grupo de pessoas são mais suscetíveis às doenças transmitidas por alimentos, que são diversas, e podem causar desde transtornos gastrointestinais à hepatite", ressalta. Ela recomenda que a higiene dos recipientes alimentares sempre seja observada: "Quando o ambulante circula vendendo caldinho em uma garrafa térmica, o ideal é que ela não tenha arranhões nem rachaduras". Aspectos do próprio comerciante, como a limpeza do uniforme, também deve ser analisados.

Algumas outras recomendações são: não consumir ostras cruas na praia, apenas em locais onde a procedência delas seja informada; não comer alimentos perecíveis crus; não utilizar molhos acondicionados em bisnagas flexíveis, só sachês; atentar para o tempo que os alimentos estão em exposição. "Alguns banhistas que ficam na praia até o fim da tarde compram alimentos que foram feitos pela manhã e isso oferece risco", frisa Emília Resque.

FISCALIZAÇÕES - De acordo com a nutricionista Emília Resque, a equipe da Vigilância Sanitária executa fiscalizações durante a semana na praia, no horário comercial. Está em estudo a possibilidade das vistorias acontecerem também nos finais de semana.

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Queijo na brasa é uma das opções oferecidas pelos ambulantes - Amanda Duarte/NE10
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Camarão descongela naturalmente na praia - Amanda Duarte/NE10
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Moisés Gomes trabalha em um ponto fixo, com um carrinho fabricado em inox e só usa ketchups em sachê - Amanda Duarte/NE10
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Para vender caldinho, o ideal é que o ambulante use uniforme limpo e de cor clara - Amanda Duarte/NE10
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Vendedor Milton Dias está desempregado e vende na praia durante o verão - Amanda Duarte/NE10
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"Já vendi para estrangeiros que nunca tiveram coragem de comer caldinho, mas acharam meu carrinho limpo e resolveram provar", afirma José Severino - Amanda Duarte/NE10

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