Para garantir as vendas, muitos ambulantes chegam bem cedo, por volta das 6h, e permanecem até o fim da tarde Foto: Amanda Duarte/NE10
"Eu vendo bastante porque sou mais higiênico", garante o vendedor Moisés Cosmo Gomes, 59 anos. "Pessoas sem esse padrão vendem menos", completa. Ele se refere ao carrinho e aos materiais usados: veículo fabricado em inox e só usa ketchups em sachê. Ele está na praia a partir das 6h da manhã em verões e invernos há 28 anos. José Severino, que comercializa caldinho há 26 anos, também conta que já ganhou muitos clientes por causa da higiene. "Já vendi para estrangeiros que nunca tiveram coragem de comer caldinho, mas viram meu carrinho, acharam limpo e resolveram provar", afirma.
Maria do Carmo da Silva, 35, sempre atenta para a limpeza da panela dos caranguejos antes de comprá-losFoto: Amanda Duarte/NE10
Para os banhistas que frequentam a praia, higiene é fundamental. A pedagoga Maria do Carmo da Silva, 35, sempre atenta para a panela dos caranguejos antes de comprá-los. "Eu observo se o material está limpo e se ele raspou todos os pelos do animal", comenta. Já a administradora Rejane Messias, 38, prefere não comprar comidas que tenham passado por contato manual ou com água: "Eu prefiro amendoim seco ao cozido e não como ovo de codorna, porque não sei com que água ele foi preparado".
A nutricionista da Vigilância Sanitária Emília Resque confirma que os cuidados são necessários, principalmente se quem vai comer os produtos são idosos ou crianças menores de dois anos. "Esse grupo de pessoas são mais suscetíveis às doenças transmitidas por alimentos, que são diversas, e podem causar desde transtornos gastrointestinais à hepatite", ressalta. Ela recomenda que a higiene dos recipientes alimentares sempre seja observada: "Quando o ambulante circula vendendo caldinho em uma garrafa térmica, o ideal é que ela não tenha arranhões nem rachaduras". Aspectos do próprio comerciante, como a limpeza do uniforme, também deve ser analisados.
Algumas outras recomendações são: não consumir ostras cruas na praia, apenas em locais onde a procedência delas seja informada; não comer alimentos perecíveis crus; não utilizar molhos acondicionados em bisnagas flexíveis, só sachês; atentar para o tempo que os alimentos estão em exposição. "Alguns banhistas que ficam na praia até o fim da tarde compram alimentos que foram feitos pela manhã e isso oferece risco", frisa Emília Resque.
FISCALIZAÇÕES - De acordo com a nutricionista Emília Resque, a equipe da Vigilância Sanitária executa fiscalizações durante a semana na praia, no horário comercial. Está em estudo a possibilidade das vistorias acontecerem também nos finais de semana.