Otoplastia

Projeto Orelhinha é suspenso em Pernambuco

Ana Maria Miranda
Ana Maria Miranda
Publicado em 17/12/2014 às 13:31
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250 pessoas marcaram cirurgia de otoplastia em Pernambuco por meio do Projeto Orelhinha / Foto: Projeto Orelhinha/Divulgação

250 pessoas marcaram cirurgia de otoplastia em Pernambuco por meio do Projeto Orelhinha Foto: Projeto Orelhinha/Divulgação

A administradora Cecília Melo, 40 anos, ficou surpresa e chateada ao abrir seu email nessa terça-feira (16). Descobriu, através de informe escrito pelo médico Marcelo Assis, coordenador nacional do Instituto Orelhinha, que o projeto no qual tinha marcado uma cirurgia de otoplastia para a filha havia sido suspenso em Pernambuco. Agora, não sabe como vai contar a Gabriela, 9, que sua orelha vai demorar mais um pouco para ser "consertada".

"Desde pequeneninha, eu e meu marido percebemos essa questão estética, mas não sentimos a necessidade de mudar. Quando ela cresceu e entrou na escola, os colegas começaram com os apelidos chatos; ela costuma prender o cabelo, e começou a evidenciar a orelhinha. Um dia ela perguntou se tinha como ajeitar a orelha, foi aí que começamos a amadurecer a ideia", conta Cecília. 

O Projeto Orelhinha existe há quatro anos em sete estados do País, entre eles Ceará e Bahia, com o objetivo de combater o bullying, através da correção das conhecidas por "orelhas de abano". No fim de novembro, foi realizado um mutirão de consultas em Pernambuco, em que Cecília marcou a cirurgia para Gabriela, para o dia 16 de abril. "Quando apareceu o projeto aqui achei interessante, e o valor é mais acessível, na área particular é bem mais caro. Já estava tudo certo, ficou agendado com o hospital", explica.

De acordo com o Dr. Marcelo Assis, o preço médio da cirurgia em hospitais particulares é de R$ 7 mil, enquanto a ONG permite que crianças a partir de sete anos realize o procedimento por R$ 1.650. Segundo ele, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), suspendeu o projeto injustamente. "Os médicos parceiros do Orelhinha em Pernambuco foram chamados para uma reunião. Levei toda a documentação para lá e nem nos deixaram explicar, eu fui expulso da reunião sem motivo nenhum", protestou.

Assis informou ainda que 250 pessoas já estavam com cirurgias marcadas no Estado, e a primeira seria nesta quinta-feira (18). A equipe do projeto Orelhinha em Pernambuco é composta por duas médicas cirurgiãs, e tem vínculo com o Hospital Maria Lucinda e sua equipe de anestesia.

Por meio de nota, o Cremepe pediu a suspensão da participação dos profissionais de saúde pernambucanos até que fosse emitida uma decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM). Ainda segundo o conselho, não há demanda reprimida pela cirurgia de otoplastia no Estado, e os pacientes que se sentiram prejudicados podem entrar em contato com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional de Pernambuco, através do telefone (81) 3427-6455, de onde serão encaminhados para fazer a cirurgia nos serviços oferecidos gratuitamente pelo Hospital das Clínias (HC), Agamenon Magalhães (HAM) e Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (Imip).

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