Com a desvalorização da moeda

IBGE: dólar ajudou a frear inflação da indústria em 2016

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 31/01/2017 às 17:57
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As indústrias extrativas tiveram um salto de 34,37% nos preços, puxado tanto pelo minério / Foto: Agência Brasil

As indústrias extrativas tiveram um salto de 34,37% nos preços, puxado tanto pelo minério Foto: Agência Brasil

  A inflação da indústria acelerou na reta final de 2016, mas o recuo do dólar ao longo dos meses permitiu que encerrasse o ano bem mais branda do que em 2015, explicou Manuel Campos, analista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, registrou alta de 1,28% em dezembro, após avanço de 0,78% em novembro. Como resultado, a taxa acumulada em 2016 foi de 1,71%, contra uma alta de 8,8% nos preços dos produtos na porta de fábrica no ano anterior, informou o IBGE.

"Houve uma alta de 47% no dólar ante o real no ano de 2015, o que impulsionou os preços de toda a pauta de exportações brasileiras, como açúcar, soja, laranja, papel e celulose. O câmbio também aumentou os custos de produção naquele ano. Em 2016, ao contrário, o real se valorizou 13,4% ante o dólar", disse Campos.

Em 2016, 11 das 24 atividades pesquisadas tiveram redução nos preços. Houve impacto da desvalorização do dólar, mas também de preços internacionais. O destaque foi o setor de outros produtos químicos, onde a queda alcançou 12,36%.

"Houve também a competição com itens importados, como adubos, fertilizantes e matérias-primas para a fabricação de plástico", disse Campos.

Além dos químicos, as quedas de preços mais acentuadas no ano foram em outros equipamentos de transportes (-8,40%), minerais não metálicos (-7,38%), fumo (-6,81%), papel e celulose (-6,05%), couro (-5,44%) e madeira (-4,53%). Todos os setores têm em comum acentuada influência do dólar ou impacto de cotações no mercado internacional.

Salto nas indústrias extrativas

Na direção oposta, as indústrias extrativas tiveram um salto de 34,37% nos preços, puxado tanto pelo minério de ferro quanto pelo petróleo. Mas foi o aumento de 8,82% nos preços do setor de alimentos que deu a maior contribuição para a inflação da indústria em 2016, com destaque para as pressões exercidas pelo açúcar e pela soja.

Entre as categorias de uso, bens de capital e bens intermediários ficaram mais baratos no ano passado. Por outro lado, os bens de consumo subiram 5,2%.

"Já não é um aumento tão comportado assim, inclui itens como sofá, geladeira, fogão, calçados", lembrou Campos.

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