Seu Jurandir Bezerra tem 84 anos e não pensa em parar de trabalhar Foto: Priscila Miranda/NE10
Quando se pensa em aposentadoria, certamente vem à mente um período de descanso e tranquilidade após anos e anos de dedicação ao trabalho. Porém, é cada vez mais comum, seja por questões financeiras ou para continuar realizando um ofício, que as pessoas decidam por continuar a trabalhar depois de se aposentarem. Nesta terça (24), comemora-se o Dia do Aposentado, e o NE10 conversou com dois deles para saber como é a vida de trabalho com mais idade.
Jurandir Bezerra trabalha há 60 anos no mesmo local. Atualmente com 84 anos, a disposição para exercer seu cargo de gerente no departamento de decoração das Casas José Araújo, loja de tecidos localizada na Zona Norte do Recife, impressiona. De segunda a sábado, ele cumpre o expediente das 09h às 17h igualmente aos outros funcionários do estabelecimento- que possui ainda outros 13 trabalhadores aposentados. Se aposentou há mais de 20 anos e não pensou duas vezes em parar de trabalhar. “Eu tive uma folga de 90 dias assim que me aposentei, mas não quis tirá-la até o fim. Ficava indo todo domingo até a loja vigiar”, relembra Jurandir.
Em casa, precisa ser o chefe de uma família formada pela esposa e um filho que tem necessidades especiais. “Tenho outros dois filhos, que trabalham e me ajudam com algumas coisas, mas aqui com o trabalho eu seguro a minha vida mais tranquilo”, afirma.
Assim também pensa a funcionária pública Glauce Melo, 58 anos. Bem mais nova que seu Jurandir, ela conseguiu se aposentar no fim de 2016, mas não recebe o valor integral do salário que tinha trabalhando como relações públicas no setor de comunicação do Complexo de Suape. Decidiu então continuar lá. “Com toda essa polêmica de mudança nas regras para a aposentadoria, resolvi dar entrada na minha. Como Suape é uma empresa pública, eu decidi continuar trabalhando até Deus mandar”, conta, relembrando a recente proposta de reforma da Previdência, que pretende manter o trabalhador no mercado por mais tempo.
Optar por continuar a trabalhar também ajuda nas despesas de casa. “Neste momento, eu não posso nem pensar em sobreviver só com a aposentadoria. Cansativo, o trabalho sempre foi, mas eu me sinto apta ainda a trabalhar e produzir”, diz.
Desemprego é alto entre os mais velhos
Apesar de o número de trabalhadores idosos ter aumentado consideravelmente nos últimos anos, índice apontado pelo IBGE, um estudo divulgado em outubro de 2016 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou que houve aceleração do desemprego no Brasil, com uma variação da taxa maior entre os maiores de 59 anos, equivalente a 132% no período compreendido entre o último trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2016, enquanto entre os jovens, a perda alcançou 75,3%.
