Morro da Conceição

Comerciantes culpam crise por baixo movimento na Festa do Morro

Thiago Vieira
Thiago Vieira
Publicado em 07/12/2016 às 11:53
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Vendas este ano têm sido inferior a de anos anteriores / Foto: Thiago Vieira/Portal NE10

Vendas este ano têm sido inferior a de anos anteriores Foto: Thiago Vieira/Portal NE10

A 112º edição da Festa do Morro, que acontece no bairro do Morro da Conceição, zona norte do Recife, é destino de fiéis de várias partes da região, que seguem em romaria para visitar a imagem da santa. Para aproveitar o movimento, comerciantes preenchem os espaços disponíveis para receber a multidão que transforma o bairro, que tem pouco mais de dez mil habitantes e se torna ponto de passagem de aproximadamente um milhão e trezentas mil pessoas, segundo a contagem da polícia militar em 2015.

Este ano, porém, o fluxo de compras está fraco. Pelo menos é a impressão dos comerciantes que todo ano aguardam as festas para vender suas mercadorias. No pé do morro, na praça que dá acesso às escadarias, Silvania Moura espera seus clientes ao lado da sua barraca de brinquedos, já que o polo infantil fica nas proximidades. "É o pior ano que eu já vi. Acredito que a crise tenha afetado o movimento", disse ela, que trabalha na Festa do Morro há seis anos.

Comércio de brinquedos ocorre nas proximidades do polo infantil

Comércio de brinquedos ocorre nas proximidades do polo infantilFoto: Thiago Vieira/Portal NE10

Depois de subir os degraus da famosa escadaria, já no entorno da imagem de Nossa Senhora da Conceição, as ruas laterais são preenchidas pelas barracas e pelos ambulantes. Existe a proibição de que se faça comércio  dentro do local destinado aos fiéis próximo à imagem de Nossa Senhora da Conceição. Seu Aurélio Santos vende artigos religiosos, como terços e imagens da santa, e fala que a fiscalização dos comerciantes está maior. Ele também culpa a crise pelo baixo resultado das vendas. "Muita gente vem de fora e, este ano, por terem menos dinheiro, podem estar com mais dificuldade. Esse ano é uma opinião de todos: tá fraco o movimento", disse ele, que vive no Ceará, mas há dez anos viaja ao Recife na época para tentar vender seus produtos. 

Há também quem não ache que a crise seja a maior responsável pela baixa nas vendas. Ronaldo Guedes é vendedor em uma lanchonete e trabalha na Festa do Morro há quatro anos. Ele também diz que este é o pior ano, mas acredita em outro fator além da crise. "Houve uma troca dos padres neste ano, e acho que eles não têm conseguido trazer tanta gente quanto os outros em outros anos", opina.

Fiscalização proíbe presença de ambulantes no entorno da imagem 

Fitinhas são um dos artigos mais tradicionais da Festa do Morro

Fitinhas são um dos artigos mais tradicionais da Festa do MorroFoto: Thiago Vieira/Portal NE10

Os ambulantes não podem vender suas mercadorias no entorno da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Este ano, a fiscalização foi ampliada e, nesta quarta-feira (7), o limite máximo desses vendedores era o portão de acesso à área reservada para orações. Enquanto o Portal NE10 esteve no local, ninguém desrespeitou a determinação.

Esse isolamento causado pela regra e maior fiscalização pode ter prejudicado esses autônomos. "A proibição atrapalha a gente, porque fica todo mundo muito concentrado, aí é pior", falou Augusto José, que vende velas e fitinhas de Nossa Senhora há três anos durante este período do ano. 

Comércio ainda tem esperança no último dia de festas

Desde o dia 29 de novembro que as atrações religiosas e culturais acontecem no Morro da Conceição, mas é nesta quinta-feira, dia 8, feriado municipal em homenagem à santa, que ocorre o maior movimento. Essa expectativa ainda move os vendedores do Morro. "Sempre é uma surpresa a Festa. Nunca sabemos como vai ser, só no final que a gente faz o balanço para saber se foi bom ou ruim. Esse ano até agora tá fraco, mas de hoje para amanhã pode melhorar, vamos esperar", disse Iraquitan Marinho, que foi criado no Morro e atualmente ajuda comerciantes amigos.

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