Mário Ricardo e Paula colocam a mão na massa para criar os detalhes dos eventos pré-casamento Foto: Paula Perazzo/Cortesia
Crise política, instabilidade econômica, altos índices de desemprego… O cenário atual brasileiro não é nada tranquilo, muito menos favorável, mas quem está louco para casar parece não ver nada disso como empecilho. Mesmo com orçamentos mais apertados, os pombinhos estão se planejando com muita antecedência, colocando, literalmente, a mão na massa para que o grande dia saia como o planejado. E isso tem movimentando muito dinheiro na economia brasileira.
De acordo com pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), o mercado de festas e cerimônias movimenta bilhões de reais ao ano no Brasil. Em 2014, último levantamento feito pela associação, o número chegou a R$ 16,8 bilhões. O Nordeste é a segunda região brasileira que mais movimenta dinheiro na área (R$ 3 bilhões), atrás do Sudeste, responsável por quase metade dos gastos do setor (R$ 8,6 bilhões).
"As pessoas não deixam de casar por causa da situação do País, porém há a necessidade de repensar os gastos e rever o formato da cerimônia", afirma o presidente da Abrafesta, Ricardo Dias. O número de casamentos realizados no Brasil já ultrapassou a marca de um milhão por ano.
Maio, mês bastante tradicional para a realização de casamentos, ainda é o queridinho das noivas, mas outros meses no final do ano têm tido uma maior preferência. "Nos últimos anos, os meses de setembro e dezembro também apresentam grande procura e movimentação de festas", comenta Ricardo.
A profissional de marketing Camilla Barreto precisou contar com a ajuda dos amigos e da família para realizar seu casamento às cinco da manhã à beira da praia de Serrambi, Litoral Sul de Pernambuco, em setembro do ano passado. Sem poder gastar muito, ela resolveu fazer a maioria das coisas do evento, do convite à decoração do altar.
NOS MÍNIMOS DETALHES Camilla colocou a mão na massa e desenvolveu quase tudo da festa, do material gráfico à decoração do altar montado na beira da praia (Fotos: Cortesia de Camilla Barreto/Mika Lira Fotografia)
“Meu convite foi em formato de ímã de geladeira, com criação gráfica feita por mim. Como meu casamento foi na praia, para 50 pessoas, não gastei com aluguel de espaço e, para a decoração, comprei adereços, como leques e tecidos, no centro do Recife. Para o altar, usei garrafas e peguei bambu emprestado de outra noivinha para montá-lo como estrutura. Contratei um serviço de crepe e uma amiga da minha mãe ficou responsável pelas outras comidas da festa. O bolo foi uma permuta entre mim e a boleira, e o meu vestido mandei fazer em um costureiro com bastante antecedência. O modelo custou R$ 500, muito mais barato do que eu pagaria em um 1º aluguel, que geralmente fica entre R$ 2.500 e R$ 3.000 ”, detalha Camilla.
Outra noiva que arregaçou as mangas para que a festa de casamento saísse do jeito que sonhou foi a fisioterapeuta Juliana Xavier. Ao contrário de Camilla, a cerimônia dela foi bem maior, em igreja e recepção, e para 300 convidados. Sem poder economizar em serviços como iluminação (evento noturno) e bufê, ela precisou desenvolver vários detalhes por conta própria.
CLÁSSICO, MAS COM ECONOMIA A fisioterapeuta Juliana investiu no tradicional, com igreja e recepção à noite, mas buscou descontos e criou itens para baratear a festa (Fotos: Cortesia de Juliana Xavier/Noisclica Fotografia)
“Com a ajuda da minha mãe. fiz vários detalhes, como a caixa para convidar os padrinhos, o buquê do sapo, Santo Antônio, [buquê de] pimentas, guardanapo e porta-guardanapos, tiara das daminhas [de honra], kit toalete, kit essência do banheiro, costurei os nomes das solteiras [na barra do vestido de noiva], fiz a personalização do cabide da noiva e do noivo e os laços dos bem-casados”, enumera. Outra estratégia adotada pela noiva foi juntar dinheiro para pagar os fornecedores à vista. “Fui juntando com meu marido. Conseguia de 2 a 3 mil reais de desconto pagando dessa forma”, relembra.
PLANEJAR É FUNDAMENTAL – Ter a festa de casamento dos sonhos é possível para quem organiza as finanças com tempo hábil para pensar em tudo. As consultoras Manoella Balbino e Rebeca Mota, autoras do blog de casamentos Happy Ending, acreditam que é importante formatar a festa de acordo com a realidade financeira do casal. “Com os mini weddings, por exemplo, é possível celebrar a união apenas com os parentes e amigos mais próximos do casal, sem abrir mão de uma recepção bonita e, por que não, de uma festinha para os mais íntimos”, afirma Manoella.
Um ano de antecedência é o tempo mínimo que as duas veem como necessário para que os noivos possam começar um planejamento, conhecer os fornecedores e fechar os contratos com calma. “A ideia é amenizar as parcelas referentes aos pagamentos dos contratos, diluí-las em um espaço de tempo maior. Organização, pesquisa e dedicação são as palavras de ordem pra quem deseja enquadrar um sonho à realidade. Com amor e capricho não tem como dar errado”, avalia Rebeca.
Entre os itens que os noivos podem economizar bastante fazendo por si próprios, estão papelaria (convite, tags de agradecimento, menu) e lembrancinhas. “Basta pedir ajuda da pessoa mais prendada da família, fazer uma rápida pesquisa na internet e colocar a mão na massa. Fica lindo e ainda tem um significado todo especial”, afirma Manoella. Serviços mais complexos, que envolvem tempo e expertise, como decoração e iluminação, devem ter maior atenção no planejamento para que não virem dor de cabeça dos noivos que resolvam fazer tudo sozinhos. “Deve-se ter em mente que o dia não vai ser tão tranquilo, tendo menos tempo para se arrumar e relaxar antes do casamento”, comenta a blogueira.
PERSONALIZAÇÃO ANTES DO GRANDE DIA Paula e Ricardo se empenharam juntos para organizar também os eventos antes do casamento, como a festa de noivado e o chá de panelas (Foto: Paula Perazzo/Cortesia)
Na expectativa para o grande dia, que acontecerá em 03 de setembro deste ano, o casal Paula Perazzo e Mário Ricardo Sant'Ana já está bem preparado para os mínimos detalhes que uma festa de casamento requer. Formada em publicidade, a noiva usou sua criatividade para pesquisar e criar itens tanto do dia da festa como para eventos pré, como o noivado e o chá de panelas, que aconteceram com a auxílio de todos.
“Tudo com relação à comida das festas menores que antecederam o casamento a gente fez, com a ajuda da família. Os itens personalizados e os enfeites da decoração fomos fazendo aos poucos, colocando a mão na massa mesmo. É uma economia que, se for fazer as contas, são quase R$ 2 mil que reduz do orçamento”, afirma Paula.
Planejados para investir entre R$ 38 e 40 mil no casamento, os dois reconhecem que fazer os próprios itens é uma economia extremamente necessária. “Dividimos tudo, ajudando um ao outro, e, assim, conseguimos fazer do nosso jeito. É gratificante ver o sorriso de Paulinha quando participo”, comenta Mário Ricardo, que, se for preciso, senta no chão para ajudar a noiva a montar todos os mimos e lembrancinhas que o evento precisa.
