A escassez de obras públicas é um dos motivos que levaram as construtoras à bancarrota Foto: Agência Brasil
A paradeira pela qual o Brasil está passando, com a enorme escassez de obras públicas, é um dos motivos que levaram as construtoras à bancarrota. Mas há um outro elemento que também sacrifica o caixa e deixa as companhias sem reação: os atrasos nos pagamentos do poder público.
Segundo o presidente da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop), Luciano Amadio, só no Estado de São Paulo o atraso nos pagamentos já chegou a 80 dias. O resultado é o prolongamento dos cronogramas das obras por meses. Foi o que ocorreu com um projeto da construtora CVS. Previsto para entrar em operação em junho deste ano, o calendário foi estendido para dezembro, por atraso no pagamento.
O diretor da companhia, Cesar Scatena, conta que a combinação entre falta de novas obras e atraso nos pagamentos das obras em andamento comprometem muito a capacidade das empresas. Nos últimos meses, para suportar a falta de trabalho, a companhia decidiu cortar 90% do quadro de funcionários, diminuir a conta de telefone e mudar de prédio para reduzir custos.
"Antes, ocupávamos quatro salas em um prédio. Reduzimos para duas e agora vamos para um imóvel próprio, um pouco menor." Ele conta que a empresa tem apenas um contrato em carteira. "Estamos em busca de novos negócios para driblar a crise", diz Scatena, destacando que até 2013 o portfólio da construtora era 100% público.
O Grupo Jardiplan vive os mesmos dilemas para se manter de pé. Sem novos projetos, os custos da empresa têm sido bancados apenas por uma atividade do grupo, que é a conservação de rodovias. Boa parte dessas obras é contratada por concessionárias de estradas que têm de cumprir cronogramas de investimentos previstos em contrato. Só em São Paulo, as empresas que administram as rodovias gastam R$ 23 milhões com pinturas de sinalização, instalação de defensas e conservação em geral. "Temos contrato até o ano que vem. Do meio de 2017 pra frente não sei como será se esse mercado não virar", afirma o presidente da Jardiplan, Manoel Carlos Ferrari.