Expectativa dos analistas do mercado financeiro já era um forte resultado negativo: queda de 1,8% do IBC-BR, o índice de crescimento do país feito pela autoridade monetária Foto: Free Images
Por causa da crise econômica e política, a economia brasileira encolheu 1,89% no segundo trimestre do ano pelos cálculos do Banco Central. A expectativa dos analistas do mercado financeiro já era um forte resultado negativo: queda de 1,8% do IBC-BR, o índice de crescimento do país feito pela autoridade monetária. Os dados, divulgados nesta quarta-feira refletem uma sequência de deterioração do desempenho da indústria, do comércio e do setor de serviços.
Na semana passada, o IBGE divulgou Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) que mostrou as vendas no varejo fecharam o primeiro semestre do ano com queda de 2,2%. Foi o pior resultado semestral desde 2003. Já a produção industrial encolheu nada menos que 6,3% nos seis primeiros anos. Desde a crise de 2009, o setor não tinha um resultado tão ruim.
O único setor que ainda está no campo azul é o de serviços. Na segunda-feira, o IBGE divulgou que a receita teve um crescimento de 2,3% no semestre. Apesar de mostrar avanço, o dado foi o pior da série histórica e representa menos da metade do que foi registrado no semestre imediatamente anterior, quando ficou em 4,7%. Já o primeiro semestre do ano passado teve uma variação positiva de 8,7%.
Indústria, comércio e serviços são usados para calcular o “PIB do BC”, que serve como um indicador antecedente do comportamento da economia. É o que os economistas chamam de proxy. Ele é bem mais simples e calculado de forma mais rápida que o dado oficial do IBGE.
DIFERENÇAS NA METODOLOGIA - Tanto o IBC-Br quanto o Produto Interno Bruto (PIB) são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia. O IBC-Br foi criado pelo Banco Central para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do PIB é divulgado pelo IBGE com defasagem em torno de três meses.
O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).
Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.
Economistas apontam, no entanto, que o IBC-Br indica a tendência da atividade econômica, o que ajuda a dar uma avaliação geral do PIB.