Dieta de ratos de laboratório contém quantidades significativas de contaminantes como pesticidas e transgênicos, o que pode colocar em risco os estudos de toxicidade sobre produtos químicos Foto: Free Images
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Nove das 13 amostras continham um dos pesticidas mais utilizados no mundo, o glifosato (comercializado pela Monsanto sob a marca Roundup) e 11 traços de OGM.
Quanto às concentrações, elas foram significativamente maiores do que a dose diária aceitável destas substâncias em alimentos para seres humanos: 22 vezes a ingestão diária para o inseticida pirimifós-metil e 3.700 vezes a do glifosato. "O que significa que esses alimentos são altamente contaminado com pesticidas", afirmou Séralini.
Os autores do estudo acreditam que estes contaminantes alimentares poderiam explicar o elevado número de tumores mamários ou da glândula pituitária em grupos de ratos de controle e que eles "invalidam a utilização de dados históricos" em testes regulamentares sobre produtos químicos antes da sua colocação no mercado.
"Os fabricantes não veem os efeitos secundários (...) porque os ratos de laboratório (tanto aqueles que são tratados como aqueles que não são tratados, ndlr) têm dietas com alimentos contaminados", observa o professor Séralini.
Os resultados do estudo foram recebidos com ceticismo por vários peritos independentes. "Os autores não mediram os efeitos da dieta na saúde e, portanto, não é possível dizer se a contaminação alimentar desempenha um papel nos problemas de saúde dos ratos de laboratório, como alegado pelos autores" do estudo, observa a professora Tamara Galloway, da Universidade de Exeter, que também lamenta o fato de que as conclusões vão "além das provas apresentadas".
O professor Séralini já tinha causado polêmica com um estudo anterior sobre os efeitos de um OGM e do pesticida Roundup em ratos. O estudo foi muito contestado pela Monsanto, mas também pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e a Agência de Segurança Nacional de Saúde (Anses).