Segurança

Temer confirma envio das Forças Armadas para o Espírito Santo

Cássio Oliveira
Cássio Oliveira
Publicado em 06/02/2017 às 10:28
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Além de reajuste salarial, as famílias dos PMs pedem o pagamento de auxílio alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno / Foto: Tânia Rêgo / ABr

Além de reajuste salarial, as famílias dos PMs pedem o pagamento de auxílio alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno Foto: Tânia Rêgo / ABr

Atendendo a pedido do governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago, o presidente Michel Temer (PMDB) confirmou o envio das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública ao Espírito Santo. O pedido de reforço na segurança foi feito na manhã desta segunda-feira (6)  pelo governo do Estado.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, conversou com o governador Colnago na noite de domingo e nesta segunda-feira, 6, falou com Temer, que aceitou o pedido para emprego dos militares na garantia da Lei e da Ordem (GLO) e os preparativos estão sendo realizados.

O Espírito Santo sofre com uma onda de violência, desde a última sexta-feira (3), devido à falta de policiamento nas ruas de todo o estado. A paralisação da Polícia Militar (PM) começou também na sexta.

Segundo o Código Penal Militar, os policiais militares não podem entrar em greve, participar de qualquer ato político, manifestação ou paralisar suas atividades. Por isso, são os familiares dos agentes da PM que estão na frente dos quartéis, exigindo benefícios para os policiais.

Com isso, nem as viaturas e nem os agentes têm conseguido deixar os quartéis e as ruas estão sem nenhum policiamento. Apenas neste fim de semana, foram registrados diversos roubos e tentativas de homicídio em todo o estado.

Nesta segunda, o coronel Laércio Oliveira deixou o posto, com menos de um mês de cargo. Quem vai assumir a chefia da PM no estado agora é o coronel Nilton. A confirmação do envio das Forças Armadas ao estado foi divulgada pela Rádio Bandeirantes.

A greve da polícia no Espírito Santo foi decretada ilegal pela Justiça

No documento em que declara a ilegalidade do movimento, o desembargador Robson Luiz Albanez afirma que a proibição de saída dos policiais militares caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. Uma multa de R$ 100 mil foi fixada às associações que representa os policiais capixabas, caso haja descumprimento da decisão.

"O aquartelamento dos militares corresponde a uma 'greve branca', uma vez que representa a tentativa de busca de melhores condições salariais, daí a ilegalidade do movimento, haja vista a vedação expressa do exercício do direito de greve aos militares", enfatizou a autoridade. "Sendo assim, tenho como ilegal a deflagração do movimento grevista velado pelos militares."

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados (ASC), desde sábado (4) não há policiamento nas ruas do Espírito Santo. Viaturas foram impedidas de sair dos batalhões. Com esse déficit na segurança pública, teve início uma onda de assaltos, arrastões, homicídios e roubos de veículos em todo o Estado. 

Os relatos das vítimas invadiram as redes sociais. Prefeituras da Grande Vitória suspenderam o início das aulas e ainda não há previsão de retorno.

Diversas lojas foram alvos de gangues que arrombaram e saquearam produtos dos locais. Na Mata da Praia, câmeras de segurança flagraram a ação de um criminoso armado roubando um veículo. 

Em entrevista coletiva, o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, André Garcia, informou que acionou a Força Nacional. Ele frisou que a polícia deve voltar às ruas imediatamente.

"O governo do Espírito Santo está fazendo o possível para retomar a normalidade no Estado. Solicitamos o envio de forças federais para o patrulhamento. A previsão é de que haja a mobilização imediata, só falta a formalização que está acontecendo nesta manhã", afirmou Garcia.

Além de reajuste salarial, as famílias dos PMs pedem o pagamento de auxílio alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno. Também são denunciados o sucateamento da frota e falta de perspectiva de carreira.

Com a falta de policiamento nas ruas, as voltas às aulas foram suspensas na maioria das escolas públicas e particulares do estado e a recomendação é que a população procure não sair de casa. Em Vitória, o atendimento médico também está paralisado por conta da violência.

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