Mortes

Rebelião em presídio de Manaus acaba com 60 mortos, vários decapitados

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 02/01/2017 às 15:06
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Massacre já é considerado o maior do Amazonas / Foto: Divulgação/Seap

Massacre já é considerado o maior do Amazonas Foto: Divulgação/Seap

Uma violenta rebelião, já controlada, em uma penitenciária de Manaus deixou pelo menos 60 mortos, vários deles decapitados, na madrugada desta segunda-feira (2), no mais recente episódio de uma guerra entre facções que disputam o tráfico de drogas no Brasil.

"Até o momento, são 60 mortos", informou em coletiva de imprensa nesta segunda Pedro Florêncio, secretário de Administração Penitenciária do estado do Amazonas.

O secretário de Segurança Pública do estado, Sérgio Fontes, reportou mais cedo 50 mortos na rebelião, que teria sido motivada por confrontos entre duas facções criminosas dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim: o Primeiro Comando da Capital (PCC), originário de São Paulo, e o grupo local Família do Norte (FDN). 

"É a maior massacre do sistema prisional do Amazonas", afirmou Fontes, assegurando que grupos de narcotraficantes disputam dinheiro e território.

"Muitos foram decapitados e todos sofreram muita violência" para mandar um recado a seus inimigos, acrescentou Fontes sobre uma prática recorrente neste tipo de conflitos no Brasil.

A rebelião no complexo penitenciário Anísio Jobim, na periferia de Manaus, se estendeu por 17 horas. Florêncio explicou que a crise já foi controlada e que conseguiu-se "preservar a vida dos reféns, tanto funcionários quanto internos".

Ele afirmou não ter havido danos materiais importantes, com exceção de "alguma cela incendiada" e que por enquanto não há contagem de possíveis presos foragidos.

"Guerra silenciosa" do narcotráfico

Em outubro passado, enfrentamentos entre facções dentro de um presídio no estado de Roraima deixaram 25 mortos.

"A disputa entre facções criminosas ocorre em todo o Brasil, em todas as unidades penitenciárias", disse Florêncio. "Aqui no Amazonas há duas organizações, o PCC e a FDN, e ontem explodiu uma vingança de parte desta última" contra membros do PCC. 

Rebeliões ou confrontos são muito comuns nas superlotadas penitenciárias brasileiras, onde grupos criminosos disputam o controle do tráfico de drogas. De acordo com um estudo do ministério da Justiça, segundo o qual a maioria dos presos é de jovens negros, a população carcerária no fim de 2014 era de 622.000 pessoas em todo o país. 

O Brasil tem a quarta maior população prisional do mundo, depois de Estados Unidos, China e Rússia, segundo o documento, enquanto organizações de defesa dos Direitos Humanos alertaram várias vezes para as deploráveis condições dos presídios no país.

Para enfrentar a superpopulação dos presídios, o Brasil deveria aumentar em 50% o número de vagas.

No Amazonas, com uma população carcerária superior a 8.800 presos, as penitenciárias abrigam 2,59 presidiários por cada vaga disponível.

E a disputa pelo tráfico de drogas é levada para dentro das prisões.

"Há uma guerra silenciosa do narcotráfico em que o Estado tem que intervir", enfatizou Fontes. "O que estamos vendo? O que vimos neste caso? Uma facção lutando contra outra porque cada uma quer ganhar mais dinheiro. A disputa é por dinheiro, por espaço", acrescentou.

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