Tragédia devastou cidades e culpados ainda não foram punidos Foto: Agência Brasil
- 90% das barragens têm potencial de dano igual ou maior ao de Mariana, diz MPF
- Tartaruga gigante pode ter sido vítima da lama de Mariana
O tsunami de lama se arrastou por 640 km ao longo do Rio Doce, matando trabalhadores e habitantes da cidade de Bento Rodrigues. Outras milhares de pessoas perderam suas casas e seus empregos.
Os habitantes de Mariana, cidade histórica próxima ao local da tragédia, se preparavam neste sábado para recordar a data com diversas cerimônias e uma missa em memória das vítimas.
A Samarco enfrenta agora multimilionárias denúncias e acusações de homicídio qualificado e insiste que está fazendo todo o possível para superar o que considera um trágico acidente.
Mas para as famílias das vítimas, não é suficiente.
'Medidas insuficientes'
A anglo-australiana BHP, a maior mineradora do mundo, e a brasileira Vale, maior produtora do minério de ferro, asseguram que, junto à Samarco, estão comprometidas em reparar as comunidades afetadas, a infraestrutura mineradora e o meio ambiente.
O maior compromisso da Samarco é construir dois novos povoados para os habitantes de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, outra comunidade rural enterrada pela avalanche de lama que, no entanto, não provocou mortos ali. Só em Bento Rodrigues, 236 famílias foram forçadas a sair do local, segundo a empresa. Outras 108 foram deslocadas de Paracatu.
Até agora, nenhum tijolo foi instalado; seus futuros habitantes continuam alojados em casas alugadas pela Samarco em Mariana.
Álvaro Pereira, da Fundação Renova, criada pela Samarco para coordenar ajudas e indenizações, disse que 8.000 famílias ribeirinhas do Rio Doce estão recebendo fundos de emergência.
Pereira atribui a demora na reconstrução à lentidão das consultas com os moradores e as autoridades, e assegura que estará completa no início de 2019.
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou acusações por homicídio contra 21 pessoas no mês passado, incluindo executivos de Samarco, Vale e BHP, e assegurou que "a segurança tinha uma importância secundária" em relação aos lucros.
Especialistas da ONU pediram ao Brasil e às empresas para acelerarem a resposta às exigências sociais, ecológicas e econômicas dos milhares de afetados.
"As medidas que esses atores vêm desenvolvendo são simplesmente insuficientes para lidar com as massivas dimensões dos custos humanos e ambientais decorrentes desse colapso", alertaram na sexta-feira os especialistas em um comunicado do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU em Genebra.
"Um ano depois, muitos dos seis milhões de afetados continuam sofrendo", acrescentam os especialistas.