Diante dos números da intolerância religiosa, líderes religiosos participaram de uma mesa de debates Foto: Agência Brasil
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Ao comentar o aumento no número de tais denúncias, Matos disse que o acirramento dos ânimos e as manifestações de intolerância observados na esfera digital podem ter contribuído para maior ocorrência de crimes reais.
“É uma situação muito complexa. Temos participado de um mundo cada vez mais virtual e digital, o que tem permitido que haja episódios de intolerância descambando para o mundo real." Matos destacou também o crescente reconhecimento da capacidade do Disque 100 de encaminhar essas denúncias às autoridades responsáveis por sua apuração.
Ao longo do ano passado, alguns casos se destacaram no noticiário. Em junho, uma menina de 11 anos foi apedrejada quando saia de um culto religioso em um subúrbio do Rio de Janeiro. Já no Distrito Federal, houve uma série de ataques contra terreiros de candomblé entre setembro e novembro, e um incêndio, que suspeita-se ter sido criminoso, destruiu um terreiro na cidade do Paranoá.
SÃO PAULO TEM MAIS DENÚNCIAS - O maior número de denúncias foi feito em São Paulo (37), seguindo-se o Rio de Janeiro (36), Minas Gerais (29) e a Bahia (23). Embora haja a impressão geral de que grande parte das vítimas pertence a religiões de matrizes africanas, a Secretaria de Direitos Humanos não apresentou dados destrinchados por religião.
“Tivemos quatro assassinatos bárbaros em um período de dois meses”, relatou a mabeto (mãe de santo) Nagentu, representante do candomblé angola, que viajou de Belém a Brasília para apresentar o posicionamento de sua comunidade.
Ela criticou, inclusive, o próprio conceito de “tolerância religiosa”. “Tolerância é uma palavra muito grave. Ninguém quer ser tolerado, quer ser respeitado como ser humano, como cidadão, como pessoas de bem, como pessoas que têm a sua opção de escolha, de sua tradição e de crença. Vivemos num país laico”, afirmou Nagentu.