Chamas

Incêndio de grandes proporções atinge Museu da Língua Portuguesa em SP

Rafael Paranhos da Silva
Rafael Paranhos da Silva
Publicado em 21/12/2015 às 15:45
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Segundo os Bombeiros, ao menos 12 viaturas foram enviadas ao local para combater as chamas / Foto: Aline Stivaletti/UOL

Segundo os Bombeiros, ao menos 12 viaturas foram enviadas ao local para combater as chamas Foto: Aline Stivaletti/UOL

Um incêndio de grandes proporções atinge o Museu da Língua Portuguesa, na região central de São Paulo, na tarde desta segunda-feira (21). Não há informações sobre as causas do incêndio. O Corpo de Bombeiros chegou a anunciar que as chamas estavam confinadas à área do museu, mas novos focos de incêndio ameaçam o prédio da Estação da Luz.

"O incêndio começou no primeiro andar (do museu) e passou rapidamente para o segundo por quanta da estrutura do prédio que é basicamente madeira", afirmou o comandante dos Bombeiros, Valdir Pavão.

O Museu da Língua Portuguesa fica na Praça da Luz e, às segundas-feiras, fica fechado ao público. Ainda não há informações se havia alguém dentro do prédio. Segundo a Secretaria de Estado da Cultura, a sede administrativa fica em outro endereço, por isso é provável que não houvesse pessoas no museu.

Ao lado do prédio, fica a Estação da Luz, importante ponto de intercessão entre metrô e trem no centro de São Paulo. O incêndio afetou a circulação dos trens da Linha 7, que está paralisada entre as estações Luz e Barra Funda, e da linha 11, entra a Luz e a estação Brás.

Segundo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a ala do prédio destinada ao funcionamento da estação de trem não foi atingida pelo fogo. Ela foi fechada, entretanto, a pedido dos bombeiros, por questão de segurança devido à fumaça tóxica.

ACERVO DIGITAL - Em entrevista à "Globonews", na tarde desta segunda-feira, a coordenadora de conteúdos e roteiro do museu, Isa Grinspum Ferraz, classificou o incêndio como uma "tragédia".

"(O museu) foi fruto do trabalho de muitos anos de uma equipe multidisciplinar de altíssimo nível, que trabalhou junta para criar uma coisa completamente nova. Ele mudou o paradigma dos museus no Brasil e mesmo fora do Brasil, ele era uma referência internacional", resumiu a coordenadora.

Ferraz disse considerar o espaço "revolucionário", não apenas pela "tecnologia e pelo formato", mas pela forma de "encarar a língua portuguesa no Brasil para um público amplo". "Era um museu democrático", disse.

Inaugurado em março de 2006, o museu é um dos mais visitados do Brasil e da América do Sul. Ele foi concebido e implantado pela Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo, graças a convênio com o governo de São Paulo, responsável pela gestão. Ferraz afirmou que existem cópias de segurança da maior parte do acervo digital do museu. "Tem que ver em que estado está, para saber o interesse tanto da fundação (Roberto Marinho) quanto do estado de São Paulo de rever isso. No mínimo, toda a pesquisa e os roteiros a gente tem. Precisamos aguardar um pouco para ver como isso vai andar", afirmou.

TECNOLOGIA DE PONTA - O projeto de implantação do museu e restauração do prédio da Estação da Luz custou aproximadamente R$ 37 milhões, segundo dados oficiais. O projeto arquitetônico é de Pedro Mendes da Rocha e Paulo Mendes da Rocha.

O espaço era considerado um dos mais modernos da cidade de São Paulo, por apresentar forma expositiva com uso de tecnologia de ponta e recursos interativos para a apresentação de conteúdos.

Além de uma exposição do acervo permanente, o museu apresentava desde 20 de outubro a exposição "O tempo e eu e você", sobre um dos maiores pesquisadores do folclore e da cultura popular brasileira, Luís Câmara Cascudo. A exposição seria exibida até fevereiro de 2016.

Uma segunda mostra tinha sido aberta há uma semana, com 100 charges, caricaturas e quadrinhos selecionados do Salão Internacional de Humor de Piracicaba.

"Pelo que vemos das imagens da televisão, tudo deve ter sido destruído. Mas eram reproduções, os originais não estão lá", afirma o cartunista Eduardo Grosso, funcionário da Secretaria Municipal da Ação Cultural de Piracicaba que participa da comissão organizadora do Salão de Humor.

A exposição foi inaugurada no último dia 15 e ficaria em cartaz até 28 de fevereiro. "É lamentável isso ter acontecido. Ao menos, o Museu da Língua tem um padrão de não guardar acervo. O que deve se perder são os equipamentos, que têm um custo alto, mas podem ser substituídos", completou.

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