Saúde

Após dois anos, Ministério da Saúde e entidades médicas retomam diálogo

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 04/02/2015 às 21:25
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Afastados desde o lançamento do programa Mais Médicos, medida que dividiu o setor, o Ministério da Saúde e entidades médicas como o CFM (Conselho Federal de Medicina) voltaram a se reunir nesta quarta-feira (4). A retomada do diálogo ocorre após cerca de dois anos de afastamento, ocasião em que as entidades anunciaram sua saída de câmaras e comissões técnicas da área, como o Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) e o Conselho Nacional de Saúde.

O afastamento ocorreu após associações médicas protestarem contra a contratação de médicos estrangeiros para atuar no país sem revalidação do diploma, por meio do Mais Médicos. "Nós num determinado momento nos sentimos extremamente agredidos pelo governo, como profissão, como pessoa e profissional médico. Como vamos discutir sendo agredidos?", afirma Florentino Cardoso, da AMB (Associação Médica Brasileira), entidade que também voltou a se reunir com o ministério na última semana, ocasião em que o grupo retomou o diálogo em relação a uma possível mudança nas diretrizes de atuação médica em casos de doenças crônicas, por exemplo.

A reunião desta quarta ocorreu durante toda a manhã. Representantes do Conselho Federal de Medicina e do Ministério da Saúde debateram uma agenda conjunta na saúde. De acordo com o presidente do CFM, Carlos Vital, foram formados grupos de trabalho para discutir medidas como a necessidade de redução do alto índice de cesáreas e ações para combater fraudes na indicação de próteses.

Outro ponto é a definição das especialidades médicas de maior complexidade, como cirurgia plástica. Temas "espinhosos", como o Mais Médicos, no entanto, ficaram de fora da agenda. "Foi uma compreensão mútua [de não abordar o tema na primeira reunião]. Mas certamente ainda haverá tratativas em relação a isso", afirma Vital.

DIVERGÊNCIAS - Para Florentino Cardoso, presidente da AMB, o afastamento "trouxe prejuízos para todos". "O mais importante é a gente buscar trabalhar naquilo que é convergente e bom para o país. Nós não somos donos da razão. O futuro vai nos dizer quem tinha razão", afirma.

Para as entidades médicas, a reaproximação não significa uma mudança no posicionamento das entidades em relação ao Mais Médicos e outros pontos de divergência, como a expansão das faculdades de medicina e das vagas de residência médica. "Concordamos em aumentar as vagas [de residência]. Mas temos que aumentar onde se pode aumentar. Não queremos só quantidade, queremos qualidade", afirma.

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