Aedes Aegypti

Ainda sem tratamento específico, melhor remédio para zika vírus é prevenção, diz médico

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 30/11/2015 às 17:36
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 / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Dizem que nada está tão ruim que não possa piorar. E, se for o caso da saúde pública no Brasil, pode mesmo. Já são 1.248 casos suspeitos de microcefalia em todo o País, segundo o Ministério da Saúde. Pernambuco, líder no número de casos, já contabiliza 646 ocorrências suspeitas. A síndrome está ligada ao zika vírus, que é transmitido pelo Aedes aegypti. E é no verão, mais especificamente no período de janeiro a março, que a proliferação do mosquito é maior, o que pode agravar a já caótica situação.

Enquanto governos Estadual e Federal correm contra o tempo para evitar a proliferação das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, médicos e cientistas ainda estudam possíveis diagnósticos e tratamentos. O problema é que, como zika, chicungunha e dengue são transmitidas pelo mesmo mosquito, ainda não há como definir especificidades suficientes para controlar a situação atual.

"Quando havia só a dengue era fácil. Sequer precisávamos de uma sorologia para a doença, que é o exame adequado. Através dos sintomas poderíamos identificá-la. Agora é mais complicado, pois os sintomas das três são muito parecidos", explicou Vicente Vaz, infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC).

Confira sintomas que podem diferenciar as três doenças:

E para a Zika? Tem exame? Sim, mas ainda não está disponível para a população. "No caso dessa doença, a importância é relativa. É um diagnóstico demorado para uma disfunção em que os sintomas duram pouco tempo. E é economicamente inviável também. Comprometeria a capacidade dos consultórios públicos e privados", defende o médico.

Tratamento é uma outra questão ainda em estudo pelos cientistas. Como teve surto histórico repentinamente, não há uma droga específica para o zika vírus. Pesquisadores da Fiocruz tentam desenvolver uma potencial vacina para prevenir, mas pode levar um tempo para que possamos contar com ela.

"Já está em evidência e é algo que pode acontecer, mas leva um tempo. Dois anos, pelo menos, pois há fase de pesquisa, desenvolvimento, teste e perfil de segurança. Sem contar que há outras variáveis. A vacina da gripe, por exemplo, não é eficaz como a da poliomielite. Não se sabe como a população vai reagir à do zika", disse Vicente.

Mas, no meio disso tudo, tem notícia tranquilizadora, sim. Zika, chicungunha e dengue são doenças que o indivíduo contrai apenas uma vez. "Dengue pode acometer mais de uma vez, mas porque ela possui quatro sorotipos, então seria uma vez de cada", explica o infectologista.

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