Uma representação de moléculas de carbono é um dos destaques da Área Terra Foto: Anna Tiago / Portal NE10
E que tal, em vez de só notar ou ficar curioso ao passar, desbravar o Espaço Ciência? Lá, é possível sentir o tremor de um terremoto em uma simulação, passear de barco pelo manguezal, conversar com alguém a 20 metros de distância usando antenas parabólicas e até entrar em uma réplica de caverna pré-histórica.
A combinação de exposições em ambientes fechados e experimentos interativos a céu aberto é totalmente gratuita. Todas as semanas, centenas de pessoas descobrem a física, biologia, astronomia, geografia e ecologia, por exemplo, na prática, o que acaba ajudando na absorção dos conhecimentos. Normalmente, o espaço recebe escolas públicas e particulares do Grande Recife, mas as portas estão abertas ao público em geral. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que começa nesta segunda-feira (19) e segue até o próximo domingo (25), é uma ótima desculpa para conhecer o local.
O holograma feito com garrafas pet é uma das atrações do Pavilhão de ExposiçõesFoto: Anna Tiago / Portal NE10
A equipe do NE10 visitou o Espaço Ciência na manhã de hoje e mapeou as principais atrações do local. Quem nos guiou foi o monitor Douglas Velozo, responsável pela coordenação de física e astronomia.
Veja no mapa os detalhes do Espaço Ciência:
Pavilhão de exposições
O ponto de partida do tour da ciência é no Pavilhão de Exposições, onde professores, no caso de visita escolar, conversam com os monitores para saber que atividades são adequadas para a idade dos alunos ou quais atendem a necessidade dos professores. “Os grupos têm, em média, 30 pessoas, para que todos possam ter atenção e consigam absorver bem o assunto”, explica Douglas.
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Também é possível ver como funciona um Gerador de Van der Graaff, que trata da eletrização e deixa quem o toca de cabelo em pé, ou ver uma imagem holográfica a partir de um smartphone ou tablet apenas com a ajuda de um pequeno aparelho produzido com garrafa PET. “Todos os experimentos foram produzidos no Espaço Ciência. Algumas exposições são daqui, outras vêm de fora, mas somos responsáveis pela manutenção”, conta Douglas.
Trilha Ecológica
À direita do Pavilhão de Exposições, tem início a trilha ecológica. A primeira parada do passeio às margens do manguezal é a casa de vegetação, uma estufa com plantas medicinais e ornamentais que serve como base para estudos científicos. “Aqui também tratamos da agricultura familiar, mostrando que tipos de planta é possível cultivar em casa, por exemplo”, pontua o guia.
Seguindo pela trilha, os visitantes se deparam com um formigueiro gigante, uma construção simulando o local onde as formigas vivem e mostrando um pouco da importância e curiosidades do inseto. A visita ao local é rápida devido à manutenção no sistema de refrigeração, que deve ser finalizada até o final deste ano.
Outro ponto alto da trilha é o Manguezal Chico Science, cujos 20 mil m² são o que restou do aterro na área. Lá, é possível conhecer um pouco do ecossistema do mangue, com peixes, caranguejos e aves. No píer do manguezal, um barco movido a energia solar, com capacidade para oito pessoas, torna o passeio ainda mais interessante ao possibilitar a exploração de dentro do mangue.
Trilha das Descobertas
Na trilha de descoberta, os visitantes têm oportunidade de passar por cinco áreas diferentes, que podem ser visitadas de forma separada mas também apresentam uma linearidade. Lá, é possível perceber a relação do homem com a terra desde o começo, que aqui é representado pela água, passando pelo movimento, pela percepção, pela terra e pelo espaço. “O fim da trilha vai da terra, que é onde estamos, para o espaço, que representa para onde vamos”, lembrou Douglas.
Na área da água, a primeira da visitação, é possível observar sistemas de bombeamento de água e diversos equipamentos de conscientização e estudo sobre a utilização da substância. Entre os destaques, está uma balança que faz a estimativa de quanta água há no corpo humano (a idade e até mesmo o sexo de quem está no equipamento pode gerar variação no resultado final) e uma série de placas informativas que mostram o quanto de água foi necessário para a produção de alimentos como a laranja, a batata frita e até mesmo o hambúrguer. Um grande espelho d’água também faz parte da composição do local, o que junto ao mangue que cerca o Espaço deixa a temperatura ambiente mais agradável.
A família de Valter Souza aproveitou o feriado para visitar o localFoto: Lorena Barros / Portal NE10
A área de movimento, à primeira vista, é uma das que tem as experiências mais populares da trilha de descoberta: experimentos para a medição de pesos em uma gangorra, uma alavanca que levanta um carro e uma bicicleta que atravessa os visitantes entre duas plataformas em cima de uma corda bamba são grandes atrações da área. Um grande João Bobo também causa impacto nos visitantes. “O João Bobo é um experimento para falar de massa, ele é um objeto semi circular e dentro dele tem um peso que equilibra o centro de massa e faz com que ele não caia mesmo quando balançamos”, explicou Clécio Lima, 27, um dos monitores do local.
A bicicleta equilibrista é uma das experiências mais “assustadoras” da área de movimento. Nela, o visitante fica pendulando em uma bicicleta sobre uma corda bamba. “Em geral as pessoas têm muito medo porque acham que vão cair, mas temos muito cuidado com a questão da faixa de peso, o cabo de aço mantém a pessoa suspensa e a estrutura debaixo, o contrapeso, mantém a pessoa equilibrada, ela pode inclinar mas não cai”, lembrou Douglas.
A área de percepção conta com uma série de experimentos de ilusão de óptica, espelhos e ondas. O destaque está em duas estruturas em forma de parabólica com distância de cerca de 20 metros de uma para outra, onde dois visitantes podem se posicionar e conversar normalmente, como se estivessem lado a lado. O instrutor explica que isso acontece porque as superfícies curvas funcionam como um transmissor, e que se posicionadas corretamente ajudam a ouvir sons que não ouviríamos. Uma casa que aproveita a energia que a natureza pode oferecer, utilizando o mínimo de energia artificial possível, também está no local e pode ser visitada pelo público.
A área da Terra é a mais extensa da trilha de descoberta. Nela nós encontramos boa parte das estruturas que conseguimos visualizar do Espaço Ciência quando passamos pelo lado de fora. Logo na entrada, uma passarela que passa por dentro de um túnel giratório com imagens do espaço nos lembra o Big Bang.
Os dinossauros, que fazem parte da área de evolução, são um dos que mais chamam atenção, como lembrou Douglas: “as representações de dinossauro são sem dúvida a parte mais atrativa do espaço, principalmente para as crianças de menor faixa etária”. A representação de um vulcão, que elenca a lista de estruturas chamativas do local, não funciona há alguns meses desde que máquina de fumaça quebrou. Hoje, os visitantes só podem visitar a área interna da atração, que mostra ilustrações da estrutura do vulcão.
A réplica de uma caverna, com estátuas de uma mulher e dois homens, pinturas na parede e um fóssil legítimo de uma preguiça gigante também compõe o espaço. Um grande mapa de Pernambuco impresso no chão, com representações do relevo do Estado, também aparecem como um atrativo didático para os visitantes.
Atravessando uma pequena ponte sobre o canal do Tacaruna, chegamos à última parte da trilha das descobertas: a área Espaço. No local, um avião cedido pela Força Aérea Brasileira e pintado com as cores de Pernambuco, mostrando, junto com a imagem de Santos Dumont, a vontade do homem de conhecer o mundo, é uma das principais atrações, junto com uma torre de estudos meteorológicos da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), com uma representação do sistema solar e com o Planetário. Algumas representações de um relógio solar e de como os povos ancestrais costumavam a prever as estações também chamam atenção no local.