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R$ 100 de um ano atrás valem hoje cerca de R$ 70; confira dicas de como fazer o dinheiro render

Mayra Cavalcanti
Mayra Cavalcanti
Publicado em 14/10/2015 às 17:50
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Crise econômica. Essa é uma expressão que se vê em todo canto e muitos não sabem explicá-la, apenas sentir, no bolso. E não tem como falar em crise e não citar a famosa inflação. Mês a mês, o brasileiro tem acompanhado o aumento dela. Mas qual o impacto desta subida na população?

Segundo o professor de economia e finanças Aluísio Gondim, além de encarecer os produtos, a inflação causa a diminuição do poder de compra. Ele explica que, se a pessoa tinha R$ 100 em setembro do ano passado, atualmente, considerando-se os crescimentos mensal e anual da inflação, o valor corresponde a R$ 60 ou R$ 70, uma queda de 30% a 40% no poder de compra.

De janeiro a setembro de 2015, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 7,64%. Já a taxa acumulada nos últimos 12 meses chegou a 9,49%. "Quando falamos que a inflação está em 8%, por exemplo, não quer dizer necessariamente que a população perdeu 8% no poder de compra, até porque o perfil de compra do brasileiro é muito diferente. Alguns produtos são mais afetados; outros menos", afirma Aluísio. 

O economista compara o aumento da inflação a um empréstimo, em que o juros mensal faz com que o valor final a se pagar seja muito maior do que o inicial. "Nós sofremos mensalmente o processo de corrosão do valor monetário, é uma coisa cumulativa", acrescenta. Isso justifica a queda tão grande do poder de compra do brasileiro. 

Enfermeira Priscila Cordeiro, de 35 anos

Enfermeira Priscila Cordeiro, de 35 anosFoto: Mayra Cavalcanti/Especial para o NE10

Fazer a feira do mês estava saindo caro para a enfermeira Priscila Cordeiro, de 35 anos. Além de ir a supermercados comuns, ela costumava pagar as compras com cartão de crédito. No fim do mês, veio a alta na conta. Foi aí que ela resolveu mudar: em julho deste ano começou a fazer feira em atacado e a pagar à vista, gerando, segundo ela, uma economia de R$ 150 a R$ 180 por mês. "No começo, ficou pesado porque teve ser à vista e tive que cortar outras despesas, mas, agora que as coisas estão estabilizadas, vejo que é muito melhor", diz.

Grávida de oito meses, Priscila é casada e mora com dois filhos. Para ela, o caminho para amenizar os efeitos da crise é justamente cortar gastos extras, pesquisar e encontrar a melhor forma de gastar menos. Assim como a enfermeira, muitas pessoas também tiveram queda nas compras. De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta, as vendas no comércio em Pernambuco caíram 10,3%.

Segundo o economista Rafael Ramos, a queda no consumo do Estado ocorreu devido à desmobilização da mão de obra, aliada à inflação acima da nacional (8,6%), assim como o desemprego (9,8%). "O crescimento do desemprego faz com que a população tenha medo de se endividar, o que retrai o consumo", comenta. O economista destaca que os setores que mais sofreram retração foram os de móveis e eletrodomésticos e o de Informática e comunicação. "Os dois setores precisam de crédito e também são influenciados pela alta do dólar. Com a subida nas taxas de juros, os setores acabaram tendo uma retração maior".  

Suzana Silva, de 33 anos, perdeu o emprego há um mês por causa da crise

Suzana Silva, de 33 anos, perdeu o emprego há um mês por causa da criseFoto: Mayra Cavalcanti/Especial para o NE10

Sentindo de perto os efeitos da crise, Suzana Silva, de 33 anos, perdeu o emprego no comércio de vendas automotivas, há um mês. Ela conta que a opção foi cortar o que considera supérfluo, como viagens e passeios. Morando em uma casa com cinco pessoas, incluindo o marido e três filhos, ela mudou o lanche que comprava para as crianças. "Eram marcas mais caras de biscoito, salgadinho; esse tipo de supérfluo, eu vou mudando e tentando adaptar", relata. 

Adaptação e mudança nos hábitos de consumo têm sido as alternativas encontradas por 57% da população, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A inflação alta impacta a vida de todos, mas o problema ainda é maior nas classes mais baixas. As classes média e alta têm supérfluos para cortar; mas e os que não têm?", questiona o economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira.

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