Alto da Bela Vista

Moradores de comunidade narram como é ser vizinho de presídios

Isabelle Figueirôa
Isabelle Figueirôa
Publicado em 28/09/2015 às 13:49
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"Antes no local dos presídios havia campinhos de futebol, onde as crianças brincavam sossegadas", relembra o morador Francisco Santana / Foto: Guga Matos/ JC Imagem

"Antes no local dos presídios havia campinhos de futebol, onde as crianças brincavam sossegadas", relembra o morador Francisco Santana Foto: Guga Matos/ JC Imagem

Morar em Pernambuco já é motivo de viver apreensivo - de janeiro a julho deste ano, o Estado já registrou 2.178 homicídios, um aumento de 15,6% com relação ao mesmo período do ano passado. Morar na capital aumenta mais ainda o sentimento de insegurança. E morar numa comunidade vizinha ao Complexo Prisional do Curado, a tensão é maior ainda.

O aposentado Francisco Santana, de 63 anos, reside há 56 anos no Alto da Bela Vista, que é vizinho ao complexo prisional. Ele lembra que a comunidade nem sempre foi violenta. "Antes, no local dos presídios [foram erguidos no fim da década de 1970], havia campinhos de futebol, onde as crianças brincavam sossegadas. Hoje as crianças vivem trancadas dentro de casa", disse.

Há 48 anos morando no local onde morreu vítima de balas perdidas o mecânico Ricardo Leite, 31, o técnico de refrigeração José Antônio Pontes, 56, denuncia que quase todos os dias tem barulho de tiro vindo de dentro do complexo. "Tudo acontece nesta comunidade. Estamos à mercê dos presídios", lamentou.



A dona de casa Andréa Amélia, que há nove anos se mudou para o Alto da Bela Vista, lembra que antes de o Presídio Aníbal Bruno se transformam em Compelxo Prisional a vida já não era tranquila. "Ali já não prestava e depois que virou complexo piorou".

"É bala de revólver, bala de fuzil, bala de borracha, gás de pimenta. Tudo isso sai de lá de dentro [do complexo]. Também já vi homem jogando facão lá pra dentro, revólver e celulares. Todo dia jogam alguma coisa, mas a polícia só passa por aqui quando não precisa", disse uma moradora que não quis ser identificada. Ela completa: "os papagaios dos meninos eles [os policiais] tomam, sei que pipa com cerol também não é certo, mas não tomam o que jogam para o presídio".

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