Crime

Famílias querem adotar menino

Ne10
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Publicado em 19/12/2007 às 0:00 | Atualizado em 17/11/2022 às 15:55
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Do JC
Publicado em 22.09.2007

Abandonado pela mãe dentro de uma mata fechada poucos minutos após nascer. Mais de 24 horas sob sol e chuva, coberto por formigas e tapurus. A história do pequeno Renato tem sensibilizado dezenas de pessoas, que já se mostraram interessadas em adotá-lo. Em um único dia, mais de 30 pessoas telefonaram para a Maternidade Amiga da Família, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, onde o menino está internado, procurando saber o procedimento para assumir a guarda do menino.

A diretora da unidade de saúde, Célia Dubu, informou que recebeu ligações até do interior do Estado. “Tem gente de Garanhuns (Agreste) e Petrolina (Sertão) querendo adotar o garoto. Logo depois que a imprensa começou a divulgar, recebemos dezenas de ligações”, destacou. A diretora informou que está orientando os interessados em adotar o bebê a procurar o Conselho Tutelar da cidade.

Entres os candidatos à adoção está o autônomo Charles Aurélio, 35 anos. Após saber do caso de Renato por familiares, ele foi à maternidade para ver o menino. “É uma história muito triste. Mas ele mostrou que é forte e sobreviveu a tudo isso”, afirmou.

Morador de Camaragibe, Charles é casado e tem dois filhos. Ontem, ele voltou à maternidade, levando fraldas para a criança. “Gostaria muito de ter outro filho e Renato apareceu na hora certa”, disse. O autônomo voltou para casa sem conseguir ver o menino, que ainda não tem previsão para receber alta.

O juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife, Élio Braz Mendes, explicou que as pessoas que querem adotar o pequeno Renato precisam procurar o juizado de Camaragibe para se candidatar à adoção. Segundo o magistrado, a Justiça tem um cadastro de pessoas que estão aptas a cuidar de uma criança adotada.

“É comum quando acontece abandono de criança, muitas pessoas se sensibilizarem e, mesmo sem ter um planejamento para ter outro filho, se mostram disponíveis à adotá-la”, explicou. Caso apareça algum parente próximo, de acordo com Élio Braz Mendes, também terá que procurar a Justiça.

“O familiar próximo que quiser ficar com a guarda do bebê terá que procurar a Justiça e provar que tem condições e está apto para criá-lo”, afirmou o magistrado.

SAÚDE - A médica que vem cuidando de Renato, a pediatra Vera Dutra, afirmou que foi um milagre o recém-nascido estar vivo. Segundo ela, o bebê se recupera bem e não respira mais com a ajuda de aparelhos.

“De início achamos que ele havia passado 12 horas na mata. Mas com outras informações concluímos que foram 24 horas enfrentando sol e chuva. Também fiquei muito emocionada com tudo isso. Renato chegou aqui muito sujo e com muitas picadas de mosquito”, revelou. Ontem, o bebê recebeu um segundo nome das enfermeiras e agora chama-se Renato Gabriel.