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Cães de rua invadem bairro de Salvador

NE10
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Publicado em 30/05/2011 às 8:31
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Figuras típicas do cenário urbano de Salvador (BA), os cães de rua se tornaram um verdadeiro problema no bairro do Rio Vermelho, localidade bastante frequentada por turistas e soteropolitanos. Atraídos pela comida dos bares e restos de peixes deixados pelas colônias de pesca, os cachorros abandonados ocuparam a região e atualmente chegam a provocar prejuízos para o comércio local.

Segundo o jornal Tribuna da Bahia, mais de 50 animais vivem entre o Mercado do Peixe e o Largo de Santana, mais conhecido como Largo de Dinha. Sem qualquer controle, eles ameaçam pedestres, importunam moradores, afastam clientes de restaurantes e, em alguns casos, atacam os mais desavisados.

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Salvador possui cerca de 60 mil cães abandonados. A reivindicação da população do Rio Vermelho de retirar os animais do local, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), não pode ser cumprida porque o CCZ não recolhe animais de rua, salvo a comprovação de alguma doença que coloque em risco à saúde pública.

“Estávamos comemorando um aniversário em um bar no Mercado do Peixe e um amigo resolveu ir ao banheiro. Quando voltou para a mesa, estava com a calça rasgada. Um cachorro desses que ficam por aqui tentou morder ele. Acho que a carrocinha devia passar e levar esses bichos para um abrigo”, disse o auxiliar administrativo Augusto dos Santos.

No início deste ano, a ONG Célula Mãe realizou um mutirão de castração para cachorros que vivem nas imediações do Centro de Abastecimento do Rio Vermelho (Ceasa), Mercado do Peixe e Orla. Os cães foram recolhidos pela entidade e, após a cirurgia, acabaram devolvidos ao lugar de origem, para insatisfação de quem trabalha nos estabelecimentos do bairro.
 
“Tem muito cliente que se recusa a ficar aqui no bar só por causa dos cachorros. Depois da reforma do Mercado do Peixe até reduziu o número desses animais, mas com o tempo eles voltam. De noite fica cheio de cães abandonados. É um grande problema”, disse o garçom Marcelo Santos.

Alguns clientes já chegaram ao ponto de prometer não voltar mais aos bares e restaurantes do Rio Vermelho enquanto os cachorros abandonados continuarem na região. “É questão de higiene. Na minha casa eu não como perto do meu cachorro. Por que vou fazer isso na rua?”, disse o auxiliar em serviços gerais Fernando Mascarenhas.
 
“Quando a prefeitura tomar uma providência e recolher esses animais eu volto a frequentar os bares daqui. Não vou correr o risco de ser mordida e nem vou ficar me preocupando em afastar esses animais da minha mesa. Saio para me divertir e não para ter esse tipo de preocupação”, completou a secretária Lurdes Silva.

Sem a ação do poder público, o trabalho de resgatar os animais fica por conta de ONGs, que na maioria das vezes não possui condições de receber todos os animais encontrados. Um exemplo é o Abrigo São Francisco de Assis, o maior de Salvador, que cuida de aproximadamente 400 animais, entre cães e gatos, e possui altos gastos, com a compra de quase três toneladas de ração por mês.

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