O primeiro viaduto do Recife foi inaugurado em 24 de outubro de 1970, fruto da gestão do prefeito Geraldo Magalhães, é uma das obras mais polêmicas da cidade: o Viaduto das Cinco Pontas.
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Existem discussões sobre sua demolição, já que interfere na paisagem do Forte das Cinco Pontas.
De acordo com Luís Manuel Domingues, professor de História na Unicap e na UFPE, a obra refletiu uma pretensão dos governos militares: de se criar grandes obras apenas pensando nos carros.
Mas, segundo Waldecy Pinto, arquiteto que foi secretário de planejamento da gestão de Geraldo Magalhães, o equipamento era necessário: "Era o maior engarrafamento de Recife. Tinha a Avenida Sul, tinha a estação rodoviária, tinha a Engenheiro José Estelita... pontos cruciais. Era o único acesso da Zona Sul ao resto da cidade".
Viaduto das Cinco Pontas
O formato do viaduto, concebido pelo arquiteto Achilles Leal Wanderley é estranho. Lembra a versão minúscula da letra grega lambda.
Como tem curvas fechadas, pode fazer motoristas desatentos se acidentarem. "Logo que foi inaugurado nos anos 70 já começou a haver muitos acidentes", relata Luís.
Esse formato diferente, para o pesquisador, serve como monumento da gestão de Geraldo Magalhães: "Cheguei a ler alguns pareceres técnicos quando escrevi um artigo sobre. Muitos engenheiros consultados condenavam aquele tipo de viaduto".
Entretanto, Waldecy Pinto conta que o projeto não foi tão rechaçado assim: "O próprio IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizou a obra na época".
Ele começou a ser construído em 1969 e foi finalizado em 1970. Em decorrência da obra, foi preciso derrubar casas históricas e a primeira estação ferroviária do Recife.
"Ela (a estação) veio pré-fabricada da Finlândia. Eu a vi ser derrubada", conta José Luiz Mota Menezes, atual presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.
Nas publicidades sobre o viaduto na época, dizia-se que ele viria para solucionar o problema do tráfego intenso na principal ligação que existia da Zona Sul com o Centro.
Críticas ao Viaduto das Cinco Pontas
A grande crítica contra a obra é pelo fator histórico, já que ele quase "avança" sobre o Forte das Cinco Pontas, monumento tombado pelo IPHAN desde 1938. Além do seu formato "pouco prático".
"O viaduto não é feio. Ele é inútil. Além de prejudicar a visão (do Forte das Cinco Pontas) é um dos poucos no mundo a ter duas entradas. Até nisso ele não tem lógica urbana", conta José Luiz.
José Luiz diz que condena o equipamento por que havia soluções mais práticas e mais baratas: "Augusto Lucena (prefeito anterior à Geraldo Magalhães), tinha a ideia de fazer um girador. Mas aí veio Geraldo seguindo a moda da época de se fazer viadutos".
Waldecy comenta que o viaduto, hoje, já cumpriu sua missão: "As críticas são naturais. Hoje não tem mais trem nem a estação rodoviária. E o tráfego no local se comporta ali sem precisar de viaduto".
O homem ainda lembra da Avenida Agamenon Magalhães, inaugurada meses depois, também na sua gestão na Secretaria de Planejamento: "Um acesso bem melhor à Zona Sul".