25 de setembro

No Dia Nacional do Trânsito, vamos conscientizar as crianças?

Amanda Miranda
Amanda Miranda
Publicado em 24/09/2015 às 20:50
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Travessias têm que ser feitas na faixa e segurando as crianças na mão. É preciso também investir em campanhas além da volta às aulas / Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC Imagem

Travessias têm que ser feitas na faixa e segurando as crianças na mão. É preciso também investir em campanhas além da volta às aulas Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC Imagem

Quando o assunto é trânsito não faz sentido aquela máxima de que elas são o futuro do País. Crianças, desde pequenas, já atravessam a rua, andam de carro, estão nas bicicletas. Então, por que não já conscientizá-las sobre o papel delas na mobilidade? Podemos começar no Dia Nacional do Trânsito, esta sexta-feira (25).

Para o chefe de Educação para o Trânsito da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), Francisco Irineu, o primeiro passo que os familiares dos pequenos devem dar é o ser exemplos para eles. "Os pais são os primeiros educadores e a referência de autoridade, então têm forte influência no comportamento das crianças", explica. Por isso, é importante conhecer o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), disponível aqui, e cumprir as regras.

Essa é a atitude diária da publicitária Carolina Pires, 37 anos, que tem três filhos, de 9, 7 e 4 anos. "Tento educá-los pelo exemplo, mostrando como pode ser perigoso cometer infração", afirma. "Faço isso desde pequenos, com o uso da cadeirinha. Criança pequena não quer ficar na cadeirinha, mas temos que dizer que é importante e aguentar um pouquinho o choro. É por uma questão de segurança."

Em 2013, 1.791 crianças de até 14 anos morreram vítimas do trânsito, segundo o Ministério da Saúde. Desse total, 30% foram por atropelamento e 30% enquanto eram passageiras de carros. Mais de 14 mil foram hospitalizadas após sofrerem acidentes. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma criança morreu a cada dois dias do primeiro semestre deste ano nas estradas federais brasileiras, a maioria delas pela falta de equipamentos.

Bebê conforto, cadeirinha e assentos especiais são obrigatórios para crianças até sete anos

Bebê conforto, cadeirinha e assentos especiais são obrigatórios para crianças até sete anosFoto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

O CTB determina que crianças com menos de 10 anos devem ser transportadas nos bancos traseiros - se tiverem até um ano, no bebê conforto; entre um e quatro anos na cadeirinha; e até os sete anos e meio no assento de elevação. A multa prevista pelo não uso de equipamentos de segurança é R$ 191,54, além da perda de sete pontos na carteira e da retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada. Meninos e meninas até sete anos não podem andar em motos.

Atitudes simples podem evitar acidentes, como redobrar a atenção ao dar a ré para estacionar ou sair da vaga, já que podem ter crianças passando por ali, ou mesmo caminhar no sentido contrário dos carros e o mais longe possível deles em vias onde não há calçadas. Veja algumas dicas da ONG Criança Segura:



Segundo Irineu, os pais devem explicar às crianças por que têm que usar a cadeirinha. Não há idade mínima para começar a instrui-las. "Pode ser a partir do momento em que já entendem os símbolos e as cores e na fase em que começam a perguntar os porquês", explica. "Temos que considerar a fase de desenvolvimento de cada um."

Para ele, principalmente quando a criança tem entre quatro e seis anos, o adulto deve entender que a percepção dos pequenos é diferenciada; eles não têm noções de distância e grandeza, por exemplo. "O que chama mais atenção é o maior, embora o menor possa estar próximo. Nessa fase, ao atravessar, têm mais mais medo do caminhão que está longe do que da bicicleta está perto", justifica.

Crianças são proibidas nas motos, ainda mais desse jeito

Crianças são proibidas nas motos, ainda mais desse jeitoFoto: Alexandre Gondim/JC Imagem

De acordo com Luciana Carvalho, coordenadora de Educação para o Trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), depois que aprendem a ler e escrever, as crianças passam a entender ainda mais o papel delas.

Irineu explica que, aos oito anos, já estão ficando independentes e sabem o que é comunidade e cidade. Com essas crianças é preciso reforçar a questão do respeito aos outros e às regras, além da atenção. A partir daí já conseguem perceber a velocidade dos veículos e a sinalização. Essa é a fase do filho mais velho de Carolina, de 9 anos, que já é estimulado pela mãe a atravessar a faixa de pedestres dentro da escola sozinho, com ela orientando do outro lado.

Foi na escola, inclusive, onde os filhos da publicitária tiveram muito acesso a informações sobre o trânsito. "Depois da campanha eles policiavam a gente, diziam que não podia segurar o celular, que estávamos indo muito rápido, até achavam que mudar de faixa era pegar contramão", brinca. "Eles cobram esse comportamento dos pais porque a criança tem muito da dicotomia certo e errado", justifica Irineu.

Para Luciana Carvalho, esse é o grande papel das crianças no trânsito: depois de conscientizadas, passar a ser fiscal dos pais e puxar a orelha deles quando estiverem cometendo infrações. "Fora disso, quando forem pedestres, é importante lembrar que devem segurar na mão dos pais para atravessar, mesmo que estejam na faixa. No carro, entrou, coloca o cinto."

PREVENÇÃO - O monitoramento é uma forma de prevenir acidentes. Por isso, a partir desta sexta-feira, Dia Nacional de Trânsito, o JC Trânsito vai marcar em um mapa os locais onde forem registrados atropelamentos, colisões e outras ocorrências. Em um ano, teremos o mapeamento dos principais pontos, onde é preciso ter mais atenção e aumentar a fiscalização. Você pode ajudar enviando informações e fotos para o nosso Twitter (@jctransito), para a nossa página no Facebook e entrando em contato pelo (81) 3413.6544.

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