Denúncia

Taxistas do Recife recusam corrida para pessoas com deficiência física

Mariana Campello
Mariana Campello
Publicado em 03/12/2014 às 9:12
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No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, JC Trânsito denuncia descaso de taxistas recifenses com cadeirantes / Foto: JC Imagem

No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, JC Trânsito denuncia descaso de taxistas recifenses com cadeirantes Foto: JC Imagem

Se a maior parte da população já sofre com adversidades na mobilidade diariamente, para pessoas com deficiência física os obstáculos podem ser ainda maiores. Com a falta de acessibilidade em ruas e nos transportes públicos, muitos optam em pegar táxi, porém encontram outro problema: a recusa do atendimento de taxistas.

No Recife, alguns dos profissionais alegam que a cadeira de rodas pode arranhar o veículo, outros dizem que não podem levar o passageiro pois a cadeira vai sujar o carro ou propõem outra desculpa para recusar fazer a corrida.

Maria Inês vai toda semana ao hospital e depende de táxi para se locomover

Maria Inês vai toda semana ao hospital e depende de táxi para se locomoverFoto: Mariana Campello/ JC Trânsito

Maria Inês Gonçalves de Araújo é deficiente e, aos 81 anos, necessita semanalmente ir ao hospital e depende de táxis para sua locomoção. Ela e seus familiares relatam que é frequente a recusa de motoristas em fazer a corrida. "Muitos taxistas dizem que não podem colocar a cadeira de rodas no porta-malas pois a porta fica entreaberta e se recusam colocar no banco de passageiros para não sujar o carro", informou um membro da família.

A engenheira química Luciana Marques, que também usa cadeira de rodas para se locomover, relatou que os motoristas de táxi inventaram inúmeras desculpas para recusar o atendimento. "Eles inventam várias histórias para não me levar, eu já me senti suja", lamenta Luciana. Eles dizem que a cadeira vai sujar o veículo, dizem que estavam esperando outro passageiro e no final ainda ficam aborrecidos pela "perda de tempo".

A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) informou que as pessoas que passarem por situações similares podem denunciar através do telefone 0800.081.1078, além de anotar o TP (número que fica na porta do veículo), placa, modelo e horário do ocorrido. O taxista será chamado para prestar esclarecimentos à CTTU.

A CTTU informa, no entanto, que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), artigo 169, prevê pena leve, com multa de R$ 53,20 e 3 pontos na CNH, para motoristas que circulem com porta-malas aberto. A justificativa é que a visão pelo retrovisor interno pode ser prejudicada, colocando em risco a segurança da via. Neste caso, o ideal é colocar a cadeira de rodas no banco do passageiro.

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