Caso de polícia

Nadadores americanos deixaram o mundo perplexo com falso assalto

Marina Padilha
Marina Padilha
Publicado em 18/08/2016 às 18:37
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Ryan Lochte, doze vezes medalhista olímpico, já está nos EUA. / Foto: AFP.

Ryan Lochte, doze vezes medalhista olímpico, já está nos EUA. Foto: AFP.

Se os Jogos Olímpicos Rio 2016 tivessem disputa na modalidade de performance mais ridícula, a medalha de ouro certamente iria para os quatro nadadores americanos que deixaram o mundo todo perplexo com a história de um assalto em uma falsa blitz policial para acobertar uma noitada.

No lugar do roubo a mão armada, eles parecem ter-se envolvido, visivelmente bêbados, em uma briga com o vigia de um posto de gasolina, quando pararam para ir ao banheiro, como informa o site G1, com base nas imagens de câmeras de segurança do local.

Na versão inicial, o quarteto teria sido abordado e roubado por falsos policiais no domingo de madrugada, na saída de uma festa na Casa da França, na Lagoa. Imagens da câmera de um posto de gasolina na Barra da Tijuca, perto da Vila Olímpica, para onde estavam voltando, revelou um outro cenário, bem diferente.

'Eles mijaram em tudo' - Em uma hora de aperto, os nadadores Ryan Lochte, James Feigen, Jack Conger e Gunnar Bentz desceram do táxi na direção de banheiros do lado de fora do posto. Encontraram a porta fechada.

"Eles pararam do lado da bomba de gasolina e começaram a mijar em tudo", contou o gerente do posto de gasolina a uma jornalista do G1.

"Tem até imagem da bunda de um deles, que estava abaixando as calças. A gente disse para eles irem pro banheiro, mas eles mijaram no muro", reclamou o gerente.

"Aí, um deles quebrou a porta dos banheiros e arrancou uma placa, depois de ter mijado", completou.

Um vigia do posto chamou a Polícia para pedir aos nadadores que pagassem pelos prejuízos. Como a Polícia demorou e eles ameaçavam ir embora, o agente de segurança sacou sua arma, de acordo com uma fonte policial, citada pelo G1.

Segundo outra fonte policial não identificada entrevistada pela rede americana ABC News, imagens de vídeo mostram um nadador "quebrando a porta dos banheiros do posto de gasolina e a discussão com um segurança".

A juíza Keyla Blank, encarregada do caso, emitiu na quarta-feira (17) um mandado de busca e apreensão dos passaportes dos quatro nadadores, alegando "divergências" no cenário.

"Percebe-se que as supostas vítimas chegaram com suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, fazendo, inclusive, brincadeiras uns com os outros", justificou a juíza, apoiando-se nas imagens do circuito interno da Vila Olímpica.

'Deixa os garotos em paz!'De fato, o que se vê é um grupo de rapazes alegres, ao passar pelo detector de metais. Na entrada, eles depositam suas carteiras e celulares - objetos que, curiosamente, não foram levados pelos tais "bandidos".

Ontem, no meio da noite, Gunnar Bentz e Jack Conger foram retirados de dentro do avião, antes de embarcarem para os Estados Unidos, no Aeroporto Internacional Tom Jobim - Rio/Galeão. Hoje, a dupla foi levada à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo para depor.

A imprensa afirma que James Feigen ainda estaria no país, enquanto Ryan Lochte, doze vezes medalhista olímpico, nem teria esperado a poeira assentar. Lochte já se encontra nos EUA.

Os nadadores podem ser processados por falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio, de acordo com o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

A história rocambolesca pode se tornar uma saia-justa diplomática, já que a questão da segurança é sensível no Brasil.

Desde o início dos Jogos, o país vinha sendo bombardeado com inúmeras críticas, em razão dos roubos sofridos por atletas, ou por jornalistas da imprensa estrangeira.

Apesar da repercussão e da gravidade desse episódio, o Comitê Organizador dos Jogos minimizou a atitude dos atletas americanos.

"Deixa os garotos em paz", implorou o diretor de Comunicação da Rio2016, Mario Andrada, alegando que os nadadores passaram quatro anos sob pressão para se apresentar nos Jogos. Não ficou clara, exatamente, a relação entre uma coisa e outra.

"São atletas magníficos. Lochte é um dos maiores nadadores de todos os tempos. Eles erraram, faz parte da vida", suavizou.

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